São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Patti Smith volta a brilhar em trilha

Roqueira canta em "Últimos Passos..."

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

A trilha sonora de "Os Últimos Passos de Um Homem" (Dead Man Walking), de Tim Robbins, é como o filme: é possível gostar muito ou muito pouco. Vem carregada de baladas meio country, pesadas, não raro deprimentes.
O carro-chefe é a faixa-título, com Bruce Springsteen, que perdeu o Oscar de melhor canção de 1996 para algo bem pior.
Bruce nunca foi um primor de brilho, mas a canção torna-se irresistível se combinada ao visual country-brega-chicano que ele adotou, como a jogar na cara de Ronald Reagan que "Born in the USA" (84) não era, não, o hino da América (embora fosse).
O estardalhaço em torno da faixa apaga o que o disco tem de sensacional: a volta, após oito anos sem gravar, da sacerdotisa new wave Patti Smith, na faixa "Walkin' Blind".
É explosivo. Patti prova que ainda é dona da voz feminina mais personal que o rock já teve. E, melhor, traz junto de si as guitarras e a personalidade de outro gênio, Tom Verlaine, da banda Television, outro dos grandes expoentes do punk e da new wave no final dos 70.
A depressão oscila entre altos e baixos. Johnny Cash parece já não ter muito a dizer, Tom Waits cansa com firulas demais, Mary Chapin Carpenter forja belo instantâneo à base de delicadeza, Eddie Vedder (Pearl Jam) une alhos e bugalhos com o orientalismo de Nusrat Fateh Ali Khan.
Suzanne Vega se adapta aos humores do disco, intensificando em "Woman on the Tier" a zoeira psicótica de seu último disco, de 1992.
Depressão e baladas country não agradam a gregos e troianos, mas o cuidado na produção uniformiza altos e em baixos. E há Patti Smith.
(PAS)

Disco: Dead Man Walking
Lançamento: Columbia
Preço: R$ 20, em média
Onde encontrar: Lado A (tel. 011/258-5911)

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