São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996 |
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"Virtuosity" traz melhor som dançante do futuro
MARISA ADÁN GIL
No cinema, pelo menos, já é verdade. Duas trilhas recém-lançadas usam e abusam desses sons para transportar o ouvinte para cenários apocalípticos. Antes de mais nada, é uma ótima oportunidade para conhecer o som de Tricky, ex-Massive Attack. Foi ele o responsável pelo lançamento do melhor disco do ano passado, na opinião de "Face", "Melody Maker" e "New Musical Express": "Maxinquaye". Tricky superou os colegas da "turma de Bristol" (Portishead e o próprio Massive Attack). Criou o som mais viciante dos últimos tempos: batida lenta, vocais sexy (de Martina, sua ex-mulher), letras provocantes e uma infinidade de texturas por minuto. "Abbaon Fat Tracks" faz o ouvinte implorar por mais (a Polygram promete o lançamento ainda para maio). Direto dos anos 70, vem a eterna musa Deborah Harry, muito bem acompanhada por três quartos dos Talking Heads (Chris Frantz, Tina Weymouth e Jerry Harrison, apropriadamente chamados The Heads). Densa e sexy, "No Talking Just Head" lembra os melhores momentos do Blondie. A voz angelical de Peter Gabriel mostra que também há paz no futuro. "Party Man", na qual é acompanhado pelos Worldbeaters, é uma balada no melhor estilo "In Your Eyes". Quem ainda não se converteu ao tecno pode aproveitar e se entregar às batidas embriagantes, em quatro faixas. Há as nervosíssimas "The Loyaliser", com Fatima Mansions, e "Samurai", com o megaprodutor Juno Reactor. Ainda mais hardcore, os Lords of Acid fazem um misto de rock, acid house e tecno -para pular. Um pouco mais light são "Fallen Angel", com a ex-atriz pornô Traci Lords, e "Into the Paradise", som flutuante de William Orbit. Lá da Inglaterra, vem o vocal monocórdico de Shaun Ryder em "A Big Day in the North", com o sempre brilhante Black Grape. Pena que algumas faixas quebrem o clima. Uma das farsas desses anos 90, o Live (que saiu do Aeroanta para a capa da "Rolling Stone") mascara seu rockinho sub-R.E.M. com uma batida funkeada. Não chega, porém, a estragar a viagem sensorial proporcionada pelo CD. Com um pouco de esforço, dá até para esquecer que o filme era uma grande bobagem. Disco: Virtuosity Lançamento: MCA Preço: R$ 20, em média Texto Anterior: Patti Smith volta a brilhar em trilha Próximo Texto: Juliette Lewis canta em 'Days' Índice |
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