São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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China e ex-soviéticos fazem pacto

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Rússia, China e três repúblicas da ex-URSS (Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão) assinaram ontem acordo que busca garantir segurança e evitar conflitos militares em suas fronteiras.
O acordo foi assinado em Xangai, maior cidade chinesa, no último dia da viagem do presidente russo, Boris Ieltsin, à China.
"Demos o primeiro passo rumo a um sistema de segurança asiático, com o qual sonhamos há tanto tempo", disse Askar Akaiev, presidente do Quirguistão. As fronteiras comuns somam 4.300 km.
Depois da assinatura do acordo, Ieltsin, Akaiev e os presidentes chinês, Jiang Zemin, cazaque, Nursultan Nazarbaiev, e tadjique, Imomali Rakhmonov, participaram de um banquete.
Ieltsin não participou de uma caminhada por Xangai, organizada para os cinco presidentes. Correram rumores sobre seu estado de saúde, mas assessores disseram que a participação no passeio foi cancelada por "motivos técnicos". Não entraram em detalhes.
A mensagem mais importante da visita de Ieltsin veio na quinta. Rússia e China disseram, em linguagem diplomática, que os EUA não devem tentar impor sua hegemonia no mundo pós-Guerra Fria.
Moscou e Pequim experimentam o melhor momento das relações bilaterais desde a aliança para "combater o capitalismo", nos anos 50. Os dois países atravessaram a década seguinte como inimigos com disputas territoriais e na disputa pela liderança do movimento comunista.
O fim da Guerra Fria e o medo da hegemonia norte-americana reaproximam Moscou e Pequim desde os anos 80.
Cazaquistão e Quirguistão abrigam importantes populações uigures, minoria que vive principalmente no noroeste da China. O movimento separatista uigur é reprimido pelo governo chinês.
Reparação
Boris Ieltsin disse ontem que a Rússia "não está construindo capitalismo, mas construindo uma economia de mercado com sabor próprio". Ele também elogiou a estratégia dos comunistas chineses, de implantar reformas econômicas pró-capitalismo desde 1978.
Na quinta, o presidente russo havia dito que, se os comunistas voltarem ao poder na Rússia, "uma guerra civil vai começar".
Ieltsin está em campanha para a eleição presidencial de junho. Busca um discurso que o afaste da aproximação com o Ocidente, marca de seu governo desde 1991.

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