São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zequinha mantém o estilo em Atlanta

Brasileiro se prepara para a quarta Olimpíada

ANDRÉ FONTENELLE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

"Vou correr como sempre. Contra o relógio." A caminho de sua quarta Olimpíada, Zequinha Barbosa não altera o estilo. Corre contra si, não contra os adversários.
O meio-fundista brasileiro, que completa 35 anos no final deste mês, busca em Atlanta a única medalha que lhe falta: a olímpica.
Ela lhe escapou na prova dos 800m rasos dos Jogos de Barcelona-92, quando foi o quarto.
Zequinha tem a resposta na ponta da língua quando lhe perguntam como recebeu as críticas pela medalha perdida.
"O Brasil é o quarto melhor país do mundo? Se fosse, em todos os aspectos, eu teria ido para os EUA treinar?"
Ao mesmo tempo, ele acha natural a cobrança no Brasil.
"A imprensa tem que dar notícia. Se eu tivesse vencido, iam me perguntar por que eu não bati o recorde mundial."
Crítica
Há anos criticado pelo seu estilo de correr sempre na frente -o que às vezes lhe custa a vitória no final, afirmam os críticos-, o brasileiro se tornou imune.
"É fácil criticar. Só não é vencedor nem vencido quem está lá fora aplaudindo. Você pode falar 'boa sorte' para mim, mas quem vai correr sou eu. Quando eu chegar lá nos 700m e estiver cansado, ninguém vai me dar a mão."
Futuro
Formado no ano passado em jornalismo nos EUA, Zequinha já planeja o futuro. Pensa em correr por mais um ano após a Olimpíada e voltar a morar no Brasil, para trabalhar com atletismo.
Antes disso, porém, há a Olimpíada. O GP Brasil, marcado para ontem, no Rio, era etapa importante em sua preparação.
"Tem grande valor. A gente está perto da Olimpíada e tem que testar o motor, acertar a máquina."
Zequinha imagina como teria sido sua vida se não fosse atleta. "A pior coisa seria se não tivesse tentado. Eu tentei, fucei e sou feliz."
"Através do atletismo, fui a todos os países do mundo. Estive no Muro de Berlim (Alemanha), no vulcão Etna (Itália). Cumprimentei o rei da Bélgica, o príncipe de Mônaco. Isso é derrota? Não."

Texto Anterior: Revista aponta 'Big Mac' como o melhor
Próximo Texto: Pan-83 revelou meio-fundista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.