São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Padre 'desafia' sua fé nas corredeiras

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os canoístas brasileiros Álvaro Koslowski e Sebastian Cuatrin, que buscam neste fim-de-semana uma vaga na Olimpíada de Atlanta, vão contar com um torcedor especial no interior paulista.
Praticante amador da canoagem, o padre Batista Donizetti, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Nova Europa (320 km a noroeste de São Paulo), torce pela dupla brasileira conseguir a classificação no Pré-Olímpico de Gainesville, em Atlanta, EUA (leia texto abaixo).
O padre Donizetti, que conhece Sebastian Cuatrin, conta que a paixão pelo esporte surgiu em 1989.
Nomeado pároco em Barra Bonita, acabou convencido por uma amigo a navegar pelo rio Tietê.
"Gostei e nunca mais parei. A aventura e o desafio da canoagem me atraem", diz o padre.
Praticar a canoagem levou o sacerdote a ser considerado, como ele mesmo diz, "um pouco biruta" pelos fiéis de Nova Europa.
"Todo maluco tem seu lugar no mundo. Mas o padre Donizetti é um maluco que deu certo", afirma a assistente social Elizabeth Frezatti, que trabalha na prefeitura de Nova Europa, uma cidade com cerca de 8.000 habitantes.
Segundo o padre, a canoagem não é perigosa, mas um mau tempo em águas abertas (lagos) ou em um rio com corredeiras fortes pode causar transtornos.
Foi o que aconteceu com ele durante um percurso pelo rio Jacaré Guaçu (próximo de Nova Europa).
"Fui levado por uma correnteza muito forte que me conduziu para debaixo de um tronco. Para sair tive que ficar abraçado ao tronco esperando que o companheiro viesse me ajudar", conta.
Ambientalismo
Voz pausada, padre Donizetti diz que a canoagem é para os amantes da natureza e da vida. "Seria muito bom se todos compreendessem o significado da ecologia", diz.
Preocupado com a poluição do meio ambiente, o padre Donizetti costuma alertar a comunidade sobre temas como desmatamento, pesca predatória, lixo reciclável e poluição dos rios.
"Nem sempre sou ouvido", resigna-se o padre, que torce pelo Corinthians e, pelo menos quatro vezes por semana, pratica algum esporte, como natação, ciclismo ou corrida.
"Sempre pratiquei esporte e não consigo ficar parado. Estudei 14 anos em seminários. Praticar a canoagem permitiu me encontrar de novo com a gente da minha terra e com as coisas da minha vida de infância", afirma ele.

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