São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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Só vencerá a guerra das novelas quem ousar

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Abstraindo momentaneamente a já comentada sensação de tédio, é interessante especular sobre o significado para a indústria da estréia de três novelas no SBT e da decisão da emissora em concorrer diretamente com a sagrada novela das oito da Rede Globo.
No Brasil, as novelas se mantêm há pelo menos 26 anos como gênero ao mesmo tempo mais popular e mais lucrativo.
Nos anos 60, a TV Excelsior se estabeleceu com uma programação recheada de novelas. A Tupi não ficou atrás. Nos anos 70, a Globo venceu a Tupi com novelas.
Não é à toa que a noção corrente na indústria é a de que uma emissora que pretenda vencer tem que estar capacitada para produzir novelas de sucesso. E não é à toa que a movimentação do SBT provocou prontidão na Globo.
A expectativa com os projetos da emissora de Silvio Santos gerou excesso de pressão e intervenção da produção global sobre a autora e equipe de criação de "Explode Coração". E resultou na precipitação do final da novela.
A perspectiva de concorrência provocou também uma improvisação inédita na programação da emissora -a transmissão de uma minissérie gravada em cima da hora, e inicialmente prevista para às 22h30, no horário das oito.
Ao final da primeira semana, a audiência das novas novelas se estabilizou. "Antonio Alves, Taxista" é a única que não obteve índices de audiência considerados satisfatórios.
Se, em termos de índices do Ibope, o SBT ainda está longe de ameaçar o domínio da Globo, o fato de ter conseguido colocar três novelas no ar, incluindo duas produções independentes -o que representa uma abertura de mercado-, pode caracterizar uma vitória da emissora.
Agora, voltando ao início deste texto e olhando concretamente para as novas novelas, fica óbvio que, se os índices de audiência se mantiveram, a repercussão dos novos programas não foi grande.
Os próximos movimentos nessa guerra de guerrilha certamente serão definidos por quem ousar superar o tom insosso das produções atuais, fazendo programas que rompam com o convencional.

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