São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996 |
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Muita intriga, pouca ação
VALDO CRUZ Brasília - Frase ouvida de um tucano amigo do presidente Fernando Henrique: "O governo está uma confusão. Virou uma rede de intrigas".O comentário era uma referência à crise envolvendo a política social do governo. As divergências vinham crescendo desde o ano passado. Explodiram na última semana. O pior é que os principais protagonistas do episódio são tucanos e amigos do presidente. Aqueles que, teoricamente, não deveriam criar problemas para FHC. A confusão se instalou depois que integrantes do Programa Comunidade Solidária passaram a criticar a política social tucana. Na ânsia de rebater as críticas, um governista vazou para a imprensa que seria criado um superministério para cuidar da área social. Mais uma vez o ministro Sérgio Motta (Comunicações) foi apontado como o autor do vazamento. Ele nega. O objetivo era esvaziar dois auxiliares do presidente. Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Anna Maria Peliano (secretária-executiva do Comunidade Solidária). Motivo: amigos de FHC avaliam que os dois são os responsáveis pela ineficácia da política social tucana. Na Casa Civil, porém, jogava-se toda a culpa para a secretária-executiva do Comunidade Solidária. Lá, devolvia-se a bola para a Casa Civil. O superministro seria José Serra (Planejamento). Mas não será. A idéia tinha sido abandonada havia muito tempo. Além disso, FHC não daria mais poder a Serra. Saldo de mais uma semana de trapalhadas: Anna Peliano ameaçou deixar o governo, FHC e o ministro Paulo Renato (Educação) desmentiram o superministério e a política social continuou do mesmo jeito. Uma pena. As energias gastas com tanta intriga poderiam ter sido canalizadas para solucionar um problema que o governo demorou a reconhecer: fez muito pouco para amenizar a crise social. Texto Anterior: O preço da autoridade Próximo Texto: Manhã na lagoa Índice |
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