São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Sesi constrói hotel que não usa

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE EPITÁCIO

Dezessete meses depois de ter sido concluído, ao custo de US$ 10 milhões, o hotel da colônia de férias do Sesi (Serviço Social da Indústria), em Presidente Epitácio (675 km a oeste de SP), permanece fechado e sem uso.
O superintendente do Sesi no Estado, José Felício Castellano, 70, disse à Agência Folha, por telefone, que o hotel não foi inaugurado até agora porque a entidade quer terceirizar sua exploração.
"Vamos terceirizar e garantir um serviço de qualidade para os associados do Sesi, já que não temos know-how no setor hoteleiro", afirmou Castellano.
A terceirização, por meio de edital de licitação, é o processo de transferência da administração por empresas particulares.
O contrato de licitação prevê a exploração do hotel por seis anos. O hotel está todo mobiliado, pronto para funcionar.
Além do hotel, o Sesi vai também passar para particulares a exploração de um serviço náutico -com lanchas a motor- destinado principalmente a pescadores.
O hotel e o setor náutico foram instalados no maior e mais sofisticado centro de lazer e de esportes do Sesi no Estado, que ocupa uma área de 13 alqueires, às margens do rio Paraná, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul.
Inauguração
O centro foi inaugurado em 18 de setembro de 92, apesar de, na época, o hotel, com 128 apartamentos e nove chalés, ainda estar em construção.
Todo o centro de lazer, segundo o engenheiro Isael da Cruz Castro, responsável pela sua manutenção, custou ao Sesi US$ 15 milhões.
"Desse total, o hotel custou US$ 10 milhões e tem condições de oferecer serviços padrão cinco estrelas", afirmou Castro.
Atualmente, o centro só mantém em funcionamento as quadras poliesportivas e um camping. O setor náutico, com 50 barcos e duas lanchas, está desativado há um ano.
Às moscas
O restaurante da unidade é explorado por um particular, em regime de arrendamento. O comerciante Henrique de Araújo, 39, que cuida do restaurante, diz que o local "vive às moscas".
"O movimento é tão baixo que faz quatro meses que não consigo sequer pagar o aluguel de arrendamento do ponto, de R$ 4.000, pois não faturo isso", diz.
Há dois meses, o diretor da unidade, Paulo Jordani, foi transferido para o Sesi de Marília e seu cargo ficou vago.
A diretora estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em Presidente Prudente (559 km a oeste de SP), Regina Penati, 31, diz que os objetivos do Sesi em Epitácio estão sendo "desvirtuados".
Elitização
"Esse centro vai se tornar uma coisa elitizada, pois quem explorar o hotel e a náutica vai querer lucro. O trabalhador não tem como pagar uma diária normal de hotel", diz.
O presidente da CUT em São Paulo, José Lopes Feijó, diz que a central pretende "investigar" o que aconteceu em Epitácio com o Sesi.

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