São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Esgotamento do Real

MARCOS CINTRA

A falta de vontade política paralisa o governo. As reformas estruturais não caminham. A quebra dos monopólios de energia e comunicações depende de regulamentação, bloqueada por pressões corporativas. A vinda de investimentos é esperança remota.
A reforma da Previdência acaba de sofrer grave retrocesso na Câmara. Os privilégios foram mantidos. Salvou-se apenas a aposentadoria por tempo de contribuição. Tudo porque o projeto é ruim. Mas é eficaz para causar estragos.
A reforma administrativa não avança. Além da resistência corporativa, e de interesses político-eleitorais, sofre as trapalhadas da reforma da Previdência. Grande número de servidores anteciparam suas aposentadorias com duas consequências: aumento nas despesas com inativos e perdas de quadros qualificados.
A reforma tributária é comentada pelo que tem de ruim. Também promete trâmite tumultuado e lento.
A queda da inflação é o grande feito do Plano Real, mantida à custa de política monetária e cambial que exige taxa de juros selvagem. O governo não é capaz de reduzir despesas e pôr freio no déficit público.
O limite para essa política parece ter chegado. Dívida pública em expansão, desemprego, queda da renda, comprometimento dos mercados interno e externo e balança comercial deficitária ameaçam as empresas, as receitas fiscais e o equilíbrio social.
Os empresários em Brasília exortaram o governo a mudar de rota. A capacidade do presidente da República para falar de improviso foi destacada, mas a verdade é que naquele evento os empresários sinalizaram o esgotamento da atual estratégia do Real.

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