São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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A ordem da mulher
FBS
Coube à psicanalista e deputada federal Marta Suplicy (PT-SP) dar um tom militante ao tema. "Ser feminina é ser feminista, é usar das prerrogativas de ser mulher para defender seus direitos. Os homens que defendam os deles", disse. Seu parceiro de debate, Renato Janine Ribeiro, professor do departamento de filosofia da USP, adotou uma linha menos militante e mais compreensiva. Embora distantes no tom, os dois acabaram concordando em vários momentos, sobretudo no reconhecimento de que a luta pelos direitos da mulher é incipiente e está longe de estar cristalizada em nossa cultura. A maior discordância entre os dois apareceu nos momentos mais abstratos do debate. Janine insistiu no fato de que é equivocado pensar em termos de uma "essência feminina" ao longo dos tempos. "Não sei por que um corpo deve ter necessariamente tais ou quais representações; elas são determinadas em cada cultura, não têm nada de naturais", disse. Ele respondia a uma colocação de Marta, segundo quem haveria uma lógica natural no comportamento da mulher, mais compreensiva, mais ligada ao afeto e à intuição, enquanto o homem seria fatalmente um ser voltado para o pensamento abstrato, a autoridade e a preservação das instituições. O debate, realizado em conjunto pela Folha, PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Sesc (Serviço Social do Comércio), foi mediado pelo jornalista Caio Túlio Costa, diretor-executivo da Folha Online, e pelo professor de teologia da PUC, Mário Sérgio Cortella. Na próxima terça-feira, a série prossegue tendo "O Belo" como tema. Participam o poeta Décio Pignatari e o professor de teoria estética Celso Favaretto. O encontro se realiza às 20h40, no Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa). Texto Anterior: Uma geometria impossível Próximo Texto: "Nós sempre varremos nossa história" Índice |
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