São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
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'Dinheiro colocado no banco foi maior'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

Marcelo Fontes, um dos advogados dos ex-controladores do Nacional, disse que as 652 contas supostamente fantasmas não têm qualquer vinculação com a distribuição de dividendos.
"O dinheiro colocado pelos acionistas nesse período, para aumento de capital, foi maior do que as retiradas", disse ele.
Sobre as operações triangulares de câmbio, o advogado disse que o relatório da comissão faz "comentários genéricos". Segundo ele, todas as operações de câmbio foram realizadas dentro da legislação específica.
"Se há falhas, é da legislação." O advogado disse que o relatório do BC não faz acusações firmes sobre as operações. "O BC diz que não encontrou documentos porque não teve tempo. Os bancos não têm culpa da falta de tempo do BC", afirmou.
Metade dos bancos citados no relatório dos auditores do BC nega ter participado de operações ilegais de câmbio.
O Banco Icatu, que teria intermediado transferências entre o Nacional e sua subsidiária no Paraguai, o Interbanco, sustenta que já prestou esclarecimentos ao BC sobre as operações.
Segundo Pedro Bodin, diretor do Icatu e ex-diretor do BC, o banco operava câmbio normalmente com o Nacional, então considerado de primeira linha.
Como é de praxe nesse mercado, o Icatu não sabia se o Nacional fazia negócios em seu próprio nome ou em favor de algum cliente, diz Bodin.
"É difícil comentar um relatório ao qual não tivemos acesso. Examinamos nossas operações e não encontramos nada que não estivesse dentro das regras."
Garantia
Cláudio Haddad, diretor do Banco Garantia e ex-diretor do BC, também afirma que o banco registrou todas as operações de câmbio com o Nacional.
O Garantia não tem registro da suposta operação de US$ 3,6 milhões com o Nacional no dia 4/4/95, citada no relatório do BC. Nesse dia específico, o Garantia Banking Limited, braço da instituição em Nassau, fechou uma remessa de R$ 1,6 milhão com o Nacional.
Segundo Haddad, a operação foi um envio de dividendos a um cliente estrangeiro do Garantia, que aplicava no Brasil.
Transformado em dólares, o valor enviado foi de US$ 1,8 milhão. Como o câmbio pode ter sido fechado também com o Nacional, o BC pode ter contabilizado as duas operações, que somam US$ 3,6 milhões.
"Se foi isso que aconteceu, temos documentos que comprovam a lisura da remessa", disse.
O Banco BBA Creditanstalt, do ex-presidente do BC Fernão Bracher, não quis se manifestar. O banco só se pronunciará após ter obtido os documentos.
O ING não confirmou as supostas remessas para a sucursal do banco holandês em Montevidéu e em Curaçao.
José Luis Majolo, diretor do ING em São Paulo, disse que o banco não tem registro dessas operações no Brasil.
Se elas foram feitas de fato, devem estar registradas regularmente pelo ING do Uruguai e das Antilhas Holandesas, disse.
A Folha não conseguiu falar ontem com representantes do Banque Nationale de Paris, do Surinvest, do European Bank e do Crédit Swiss First.

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