São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta de água pode ser motivo de guerra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A falta de água pode substituir o petróleo como pivô de eventuais guerras entre os países. A conclusão foi divulgada no debate "Água para Cidades sedentas", ontem.
Os especialistas prevêem uma crise da água, nos modelos da crise do petróleo dos anos 70. Entre as cidades que sofrerão estão São Paulo e Cidade do México.
Outras cidades que podem ter escassez de água: Cairo e Lagos, na África; Dacca (Bangladesh), Pequin, Shangai (China), Bombaim, Calcutá (Índia), Jacarta (Indonésia) e Karachi (Paquistão), na Ásia.
Nos Estados Unidos, a ameaça é Houston e Los Angeles. Na Europa, Varsóvia (Polônia), Cardiff (Inglaterra) e Tel Aviv (Israel).
Os problemas são graves nas megacidades -com mais de 10 milhões e habitantes. "Mais próximo do ano 2000, muitos países vão ter metade da água que tinham em 75", disse Arcot Ramachandran, ex-diretor-executivo da Habitat.
As causas da falta de água são crescimento da população, o desperdício e a contaminação. Hoje, a água potável é aproveitada assim: 85% se destina à agricultura, 10% à indústria e só 5% ao uso direto.
Segundo dados da ONU, a metade da água potável, depois de ser tratada, é mal-usada ou desperdiçada. A perda se produz por vazamentos nos canos, muito antigos, e por ligações ilegais.
Esse desperdício pode ser reduzido, como aconteceu em São Paulo, que durante os últimos dez anos conseguiu baixar para metade as tais perdas com melhoria na canalização.
Mas os especialistas advertiram que a contaminação poderia se converter na principal causa do agravamento da carência de água nas cidades, já que apenas 5% da água usada para a eliminação de resíduos domésticos e da indústria recebem tratamento.
Segundo Saul Arlosoroff, presidente da Comissão para a Reforma Hidráulica de Israel, é necessário que os governos de países em desenvolvimento invistam entre US$ 600 a US$ 800 milhões de dólares nos próximos dez anos.
Frank Hartuelt, representante do Programa da ONU para os Desenvolvimento, acredita que essa perspectiva é pouco realista, já que a ajuda dos países desenvolvidos, na maioria dos casos, chegaria a 10% desse valor.

Texto Anterior: Brasileira já liderou discussão
Próximo Texto: Maluf é proibido de usar trevo vermelho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.