São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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PT estimulou nova invasão, acusa o governo

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Milton Seligman, acusou ontem o PT de ter estimulado o retorno dos sem-terra à fazenda Cikel (MA), onde morreram três seguranças e um sem-terra no último dia 11.
Segundo ele, um comício eleitoral realizado pelo partido no dia 4 de junho em Buriticupu, a 30 km da propriedade, instigou os trabalhadores rurais à invasão.
"O comício foi o detonador do retorno da população à fazenda", disse Milton Seligman.
Ele contou que os sem-terra haviam sido despejados do imóvel há um mês. Antes do comício, disse, aguardavam a conclusão do processo de desapropriação do imóvel, previsto para esta semana.
Os trabalhadores rurais teriam sido incentivados a reocupar a fazenda como forma de forçar o governo a acelerar a desapropriação.
A informação de Seligman foi dada durante entrevista convocada pelo ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) para relatar a viagem da equipe designada pelo presidente da República para apurar o conflito.
Além deles, viajaram para o local o chefe da Casa Militar da Presidência, general Alberto Cardoso, e o chefe de gabinete do Ministério de Política Fundiária, Marcos Lins.
Após a entrevista, Flávia Torreão, assessora de Jungmann, telefonou à Folha para informar que o ministro não endossa a acusação de Seligman contra o PT.
"O ministro está interessado em punir os responsáveis diretos pelas mortes e não em definir responsabilidades indiretas", disse ela.
Na entrevista, Jungmann afirmou que o governo federal quer a punição dos culpados pela morte porque a violência prejudica a reforma agrária no país.
"Sejam sem-terra, PMs ou pistoleiros, os responsáveis devem ser punidos", disse.
Ainda na entrevista, Jungmann relatou que não há falta de terra no Maranhão. Segundo ele, somente em torno da área do conflito há terras desapropriadas suficientes para o assentamento de 2.000 famílias sem terra.

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