São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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A droga da beleza

DA REPORTAGEM LOCAL

Os nomes são feios -etretinato e tretinoína-, mas artigos publicados nas mais reputadas revistas científicas do planeta e a aprovação do governo americano estão fazendo com que essas substâncias sejam consideradas as drogas da beleza. Rugas, estrias, manchas, acne e até alguns cânceres podem ser tratados pelos retinóides, substâncias parentes da vitamina A.
A droga não é nova. Sua primeira forma terapêutica foi sintetizada em 1946 e desde os anos 60 ela começou a ser utilizada na terapia de doenças mais ou menos sérias -das piores formas de acne à psoríase. A tretinoína -ou ácido retinóico- ficou popular por causa da eficiência no tratamento da acne e de seus efeitos.
Em dezembro de 1995, um medicamento para tratar rugas feito com tretinoína foi aprovado pelos EUA. No entanto, não era conhecido em detalhes o mecanismo de formação das rugas nem o modo pelo qual a tretinoína as combate.
No começo deste ano, pesquisadores do departamento de dermatologia da Universidade de Michigan (EUA) anunciaram na revista "Nature" a descoberta de boa parte da química das rugas, uma cadeia complicada que começa com a luz solar, passa pelos genes e termina em danos às fibras que dão elasticidade à pele.
Essas fibras são feitas de proteínas chamadas colágeno e elastina. "Já se sabia que os danos a essas fibras são causados pela exposição à luz solar e que isso deve causar rugas. Vimos agora como uma exposição de apenas três minutos ao sol do verão estimula a produção de substâncias que levam à degradação do colágeno e da elastina", diz Gary Fisher, autor do estudo.
Fisher e seus colegas descobriram que, antes mesmo de fazer com que a pele fique vermelha, os raios solares já começaram a estimular a produção de substâncias chamadas AP 1 e NFkB. As duas estimulam um gene que dá as instruções para o corpo produzir outras proteínas -enzimas- que danificam a elastina e o colágeno. Essas últimas formam uma espécie de rede sob as camadas mais externas da pele e a "estica".

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