São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Seguiremos em frente

GUENNADI ZIUGANOV

A Rússia está atravessando um período de grandes dificuldades, cujos sinais mais evidentes são o controle inadequado do Estado, o caos econômico, o domínio da criminalidade e a decadência moral.
A política interna adotada pelo governo atual não apenas é antipopular -pode-se até afirmar que se reveste das características de uma espécie de genocídio.
Alega-se que se está construindo uma sociedade democrática na Rússia, mas em lugar de democracia o que temos é uma máfia onipresente e um presidente autocrata.
Mas todos sabem que não se pode fazer a roda da história girar para trás, mesmo que todos votem para isso seja feito. Seguiremos em frente, pois sabemos que se tentássemos voltar, a Rússia se converteria em uma grande Tchetchênia.
O que faremos é apoiar toda empresa privatizada que trabalhe bem, mas se uma fábrica tiver sido privatizada com o intuito de saqueá-la, levaremos a questão aos tribunais.
A política de controle estatal da economia é às vezes objeto de interpretações equivocadas. Uma vez que não existe um verdadeiro livre mercado em nenhum lugar do mundo, tentaremos encontrar a proporção justa entre a regulamentação da economia e o mercado.
Esta proporção varia desde 25% a 30% de regulamentação estatal da economia, em alguns países, até 70%, em outros.
Sob o governo de Ieltsin, o Estado possui mais de 50% da economia mas não a está controlando, de forma alguma. E será impossível superar a crise sem uma regulamentação estatal da economia, já que muitas empresas e até indústrias inteiras detêm monopólios.
O Estado deve possuir apenas a quantidade de propriedades que lhe permita proporcionar gratuitamente educação para as crianças, atendimento de saúde aos idosos e segurança pessoal e ambiental.
Os adversários do PC dizem que os investimentos estrangeiros serão cortados. Nosso partido é favorável à manutenção de relações amistosas com todos os Estados. E posso afirmar, pois já me reuni com muitos empresários estrangeiros, que estes não temem os partidos, e sim as políticas de investimento pouco convincentes.
No decorrer de sua longa história, a Rússia já se encontrou em situações difíceis mais de uma vez. Mas em cada uma dessas vezes as maravilhosas qualidades do povo russo -sua espiritualidade e sua firme crença no Estado e sua natureza coletiva- o ajudaram a superar as dificuldades.
O povo russo saberá superar também a situação atual. A Rússia sempre foi e continuará sendo um grande país.

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