São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Centrais prometem parar 12 milhões

DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) pretendem parar, no mínimo, 12.154.197 de trabalhadores com a greve geral de hoje.
Segundo os presidentes das sindicais, a base de filiados das três centrais juntas pode chegar a 23 milhões de trabalhadores.
"Não temos a pretensão de parar tudo em um país grande como o Brasil. Ainda mais com a pressão que sofremos", declarou o presidente da Força, Luiz Antônio de Medeiros, referindo-se à ameaça da Fiesp de descontar o domingo dos que aderissem à greve.
"Baita protesto"
Para Medeiros, esse número é suficiente para fazer da paralisação um "baita protesto, como nunca houve na história".
Os presidentes das centrais fizeram questão ainda de ressaltar o caráter pacífico da greve.
Sem provocações
"Os trabalhadores não devem aceitar provocações, se alguém estiver provocando, indique aos dirigentes quem são as pessoas porque pode ser gente infiltrada no meio", declarou Vicente Paulo da Silva, presidente da CUT.
Vicentinho disse ainda que os sindicalistas estarão exigindo do poder público uma investigação sobre os folhetos que foram distribuídos ontem, incentivando a violência.
"Vivemos em um Estado democrático. O trabalhador tem direito de parar ou não. Vamos convencê-los com argumento e não com violência", disse Medeiros. Segundo ele, a greve não está armada sobre piquetes.
"Nossa estratégia é para chamar pela consciência das pessoas", explicou Enir Severino da Silva, presidente da CGT.
Sobre a pesquisa do Datafolha que revelou o apoio de 63% dos entrevistados, mas a adesão de 57% à greve, Medeiros declarou que o importante nesse caso é o apoio da população.
Milhões de pessoas
"Lá (na pesquisa) diz que 40% vão aderir. Isso são milhões de pessoas. Acho que é até mais do que a força das sindicais", disse.
Desse 40%, 25% afirmaram que vão aderir com certeza, e 15% disseram que talvez venham a parar.
Os serviços essenciais (segurança, saúde e energia) vão ser mantidos em funcionamento. "A greve não é contra a sociedade", disse Enir.
A decisão do Tribunal Regional do Trabalho sobre os trabalhadores do transporte também vai ser respeitada.
"Não vamos nos rebelar contra a decisão do TRT. Não incentivamos a violação da lei", disse Medeiros.
Gente para transportar
As centrais prevêem a paralisação dos transportes em São Paulo e no Rio de Janeiro.
"Além disso, não vai ter gente para ser transportada", brincou Vicentinho.
Ontem, os dirigentes das centrais sindicais saíram às ruas e às portas de fábricas para chamar os trabalhadores para a paralisação. Outros membros das centrais fizeram o mesmo em várias regiões da cidade de São Paulo.
Durante a tarde, na sede da Força Sindical, Medeiros, Vicentinho e outros sindicalistas organizaram a distribuição de cartazes e folhetos de divulgação da greve geral.

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