São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Festa de São João atrapalha a paralisação no NE

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Um dos principais obstáculos à greve geral convocada para hoje, em Pernambuco, é a festa de São João, segundo o presidente estadual da CUT, Carlos Padilha.
Os festejos, que começaram no início de junho, terão seu principal dia na próxima segunda-feira.
"Fazer greve no Nordeste em época de São João é como fazer greve no Brasil em época de Carnaval. É difícil mobilizar as pessoas, já que elas estão em ritmo de festa", disse ele.
Outro fato relacionado ao São João que pode atrapalhar a greve, na opinião de Padilha, é que em Pernambuco as pequenas e médias empresas fazem o pagamento de salários (semanal ou quinzenal) às sextas-feiras.
Sem salário
"Quem não for trabalhar nesta sexta, dia da greve, não receberá o salário, e aí terá de passar o São João sem dinheiro", disse Padilha.
A CUT prevê que, entre o 1,1 milhão de trabalhadores da região metropolitana de Recife, a adesão será de 105 mil -100 mil só no setor público.
Padilha considera também que a greve geral foi "convocada num tempo muito curto". A convocação aconteceu no dia 1º de maio.
"Nós precisaríamos de mais tempo para acumular forças e estabelecer uma melhor articulação com a sociedade, já que esta greve não deve ser sindical, e sim, da sociedade", afirmou.
Os sindicatos das 11 categorias que vão aderir à greve em Pernambuco são todos filiados à CUT. Dos 15 sindicatos filiados à CGT, nenhum aderiu ao movimento. A terceira central sindical que faz parte do comando nacional da greve, Força Sindical, não existe no Estado.
O presidente da Fiep (Federação das Indústrias de Pernambuco), Armando Monteiro Neto, criticou a greve por considerá-la "de caráter político".
Ele recomendou aos associados da federação que descontem o dia parado dos trabalhadores que participarem do movimento.
Em Salvador
Os motoristas de ônibus intermunicipais da Bahia decidiram participar da greve.
A decisão pode prejudicar cerca de 260 mil pessoas que compraram passagens para aproveitar os festejos de São João no interior.
Segundo o DTT (Departamento de Transportes e Terminais) da Rodoviária de Salvador, entre 5h e 18h de hoje está prevista a saída de 1.200 ônibus (360 extras). "Todos os veículos estão completamente lotados", disse o gerente do DTT, Ari Pimentel.
No início da tarde de ontem o sindicato dos motoristas e a CUT decidiram que os motoristas intermunicipais voltarão a trabalhar mais cedo -às 18h. A greve geral deve terminar à meia-noite.
"Essa é a melhor alternativa para evitar transtornos à população que gosta de aproveitar o feriado do São João no interior", disse o diretor da CUT, João Dantas.
As cidades mais procuradas pelos baianos nesta época são Senhor do Bonfim e Cruz das Almas. Os dois municípios promovem a tradicional "guerra de espadas".
Além das 260 mil pessoas que devem deixar Salvador pela rodoviária, outras 140 mil vão para o interior em carros próprios ou ferry-boat, segundo informações da Polícia Rodoviária.

Colaborou a Agência Folha, em Salvador

Texto Anterior: MST bloqueia estradas hoje
Próximo Texto: Câmara mantém privilégios em emenda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.