São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Bombeiro não aprovou gás em shoppping

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto apresentado pelo Osasco Plaza Shopping ao Corpo de Bombeiros, um mês antes da inauguração, não previa baterias de botijões de GLP (gás liquefeito de petróleo), segundo depoimento do tenente Carlos Augusto, responsável pela vistoria, na comissão que apura as responsabilidades pelo acidente.
No último dia 11, uma explosão causada por vazamento de gás no subsolo do shopping matou 42 pessoas e deixou 472 feridas.
A comissão integrada por representantes da prefeitura, da OAB, partidos políticos e sindicatos tem por objetivo descobrir as razões do acidente. Não tem poder de convocação, e tudo o que apura é encaminhado para apreciação do Ministério Público.
Foram convidados ontem para depor o responsável pela vistoria do Corpo de Bombeiros, o superintendente do Osasco Plaza e um diretor da B7, proprietária do empreendimento.
Apenas o tenente Carlos Augusto compareceu. O superintendente e o diretor enviaram cartas nas quais se comprometem a depor em outra data. O shopping afirma que não pode comentar sobre possíveis problemas nas plantas por não ser empresa de engenharia.
Fogão elétrico
Em seu depoimento, sempre segundo Melli, o tenente Carlos Augusto afirmou que, ao perceber que não havia rede de gás, supôs que os fogões funcionariam conectados à eletricidade, como acontece em redes de lanchonetes.
Augusto teria dito no depoimento que não cabe ao Corpo de Bombeiros induzir o proprietário ao uso de gás ou eletricidade. Segundo Augusto, os bombeiros apenas vistoriam se o que existe na planta consta no edifício.
Ainda no depoimento, o tenente contou que as rotas de fuga, os alarmes e os chuveiros automáticos estavam de acordo com as exigências do Corpo de Bombeiros.
Melli voltou a afirmar que não cabe à Prefeitura de Osasco a fiscalização dos projetos de gás.
"A prefeitura aprova o projeto arquitetônico e as instalações (banheiros, baterias de gás etc.). Não aprovamos detalhes, como por exemplo por onde vão ser passados os fios elétricos ou os dutos do gás. Isso é responsabilidade da empresa que projeta e atesta que essas instalações obedecem às normas técnicas vigentes", disse Melli.
Na semana que vem serão convidados a depor o chefe de segurança e o gerente de manutenção do Osasco Plaza.
A Câmara Municipal de Osasco instituiu ontem a data da explosão (11 de junho) como Dia da Solidariedade no município.

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