São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Mindelis inaugura era da grife no blues brasileiro

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meados dos anos 60, o blues invadiu o Reino Unido criando um movimento articulado e um "Deus" (Eric Clapton). O Brasil passa por momento semelhante. E, se ainda não tem um sotaque próprio, o blues brasileiro possui, em Nuno Mindelis, o seu Clapton.
A prova irrefutável disso está chegando agora às lojas e atende pelo nome de "Texas Bound", terceiro CD gravado pelo guitarrista angolano de nascimento e paulistano por educação musical.
Mindelis é o primeiro guitarrista nacional a conseguir citar B.B. King, Stevie Ray Vaughan e Albert Collins e ainda assim soar pessoal.
Mais do que um virtuose ou uma enciclopédia blueseira, Mindelis inaugura a era da grife no blues brasileiro. Cada nota que toca tem a sua assinatura.
Seu fraseado é rápido e preciso. Sua inspiração parece inesgotável. Isso é mais impressionante levando em conta que "Texas Bound" foi gravado em quatro semanas.
Para ajudá-lo na empreitada, Mindelis montou uma "cozinha" com dois chefs. Tommy Shannon (baixo) e Chris Layton (bateria). Esses caras são apenas 50% da banda Double Trouble, que acompanhava Stevie Ray Vaughan.
E mais do que apenas por um cumprimento de contrato com a gravadora, esses músicos tocaram com Mindelis por respeito. Ele é conhecido no meio musical de Austin, capital do Texas, como "The Beast" (a besta).
E Mindelis já mostra esse seu lado mais "demoníaco" no suingue infernal de "Hugs", a faixa instrumental que abre o CD.
Depois, passa a alternar blues lentos, músicas dançantes e outros números em que mostra uma voz domesticada demais para o blues. O cantor correto tem o que aprender com o guitarrista furioso.

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