São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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'Greve não aumenta salário', afirma FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em solenidade no Palácio do Planalto, que "greve não aumenta salário" e que ela "perturba os que estão querendo aumentar o salário".
Perguntado por jornalistas se a greve geral convocada pelas centrais sindicais teve motivação política, o presidente acenou afirmativamente com a cabeça.
FHC citou como exemplo de ação construtiva, que dispensa a greve, a aprovação pela Câmara da emenda que garante salário mínimo de R$ 300 aos professores do primeiro grau.
O presidente disse que a emenda foi aprovada porque se debateu a idéia com os professores e com o Congresso Nacional: "Fez-se isso convencendo, discutindo", afirmou.
A solenidade no Palácio do Planalto oficializou o programa de repasse de recursos do MEC (Ministério da Educação e Cultura) diretamente para as escolas.
Presentes, os ministros Antonio Kandir (Planejamento) e Paulo Renato Souza (Educação) também condenaram a paralisação.
Mesquinharia
Ainda sobre a emenda, FHC afirmou que gostaria de "agradecer à Câmara pelo que fez".
Aproveitou para classificar de "mesquinharia" a posição adotada pelo PT (Partido dos Trabalhadores), que votou contra a proposta.
"Quem é que ousará -a não ser por mesquinharia, por vontade de ser oposição ao país e não ao presidente nem ao governo- votar contra uma modificação na Constituição, que, efetivamente, melhora a situação do ensino e, sobretudo, o salário do professor?"
A emenda da educação seguiu para o Senado: "Eu tenho tranquilidade quanto ao voto do Senado", afirmou FHC.
Reeleição
Em seu discurso, o presidente acenou com a possibilidade da própria reeleição.
"Tenho a tranquilidade de que, ao terminar esse governo, esse mandato, nós vamos ter deixado a educação do Brasil num rumo irreversível", declarou.
Reformas
As reformas constitucionais foram mais uma vez defendidas pelo presidente, ao lado de uma crítica indireta à imprensa.
Segundo FHC, a descentralização dos recursos para a Educação é um sinal de que o governo está "mudando efetivamente a estrutura do Estado brasileiro".
"Isso é reforma do Estado. Isso é quebra do clientelismo. Isso é a quebra da corrupção", enfatizou.
O presidente negou que os políticos da base governista sejam privilegiados na distribuição de recursos públicos.
"Em certos casos, é fácil fazer falsas estatísticas. Como o número de partidos que apóiam o governo é quase a maioria dos partidos, é fácil dizer que a maior parte dos recursos foi para os partidos que apóiam o governo", afirmou.
Segundo FHC, a afirmação de que o governo privilegia a base aliada serve "para enganar o país, para enganar o leitor, para enganar o povo".

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