São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Fracasso

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o meio-dia que a sombra do fracasso, da palavra fracasso, ameaçava a greve e seus líderes.
Ainda assim, na televisão e no rádio, até porque estava longe de terminar, a expressão mais usada era "greve parcial".
Até na CNN, comedida, o registro dizia que a convocação havia sido "acatada parcialmente".
Mas chegou a noite e não se teve como conter o que era evidente. Primeiro foi a Record, com "greve fracassa", depois o SBT, "fracassa a greve".
A partir de então, aquilo que o semblante derrotado de Vicentinho anunciava desde o início da tarde tornou-se fato consumado. Fracasso.
E não adiantava buscar argumentos de suposto êxito nos ônibus vazios ou no clima de feriado, tão bem mostrado pela Bandeirantes.
Ou ainda, pensando no futuro, falar em união das centrais. Ninguém é solidário na derrota.
*
A exceção, quem poderia imaginar, foi o Jornal Nacional, para quem a greve foi "parcial".
Um dia depois de esconder a greve, não teve como apontar o fracasso.
*
Leonel Brizola não tinha coisa alguma a ver com a greve, muito menos com a definição do símbolo do movimento, a mão espalmada.
Mas lá estava ela, no comercial chamando para o horário político, aproveitando-se do dia. Mas deu azar, o engenheiro. O fracasso respingou.
*
Covas, na Globo:
- Não há razão para demitir alguém que queira exercitar o direito de greve.
Fernando Henrique, no SBT:
- Greve não aumenta salário. Greve perturba os que querem aumentar o salário!
Direito ou perturbação, os tucanos não se decidem.

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