São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pacote desapropria 32 mil hectares

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) encaminhou anteontem ao presidente da República decretos para desapropriação de 21 áreas, com 31.680 hectares, que serão destinadas ao assentamento de 1.293 famílias.
O lote de decretos inclui a fazenda Macaxeira (leste do Pará), cuja desapropriação era reivindicada antes do massacre de 19 sem-terra, em abril, pela PM.
Com 5.921 hectares, a fazenda Macaxeira foi considerada improdutiva por novo laudo de vistoria na área.
Os funcionários responsáveis pelo laudo anterior da fazenda poderão ser demitidos. Eles são acusados de aumentar a pastagem da fazenda e incluir as reservas florestais como áreas aproveitáveis.
MST e Contag
O novo pacote de desapropriações inclui áreas reivindicadas na Bahia e em Minas Gerais pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
As desapropriações na Bahia foram negociadas com o MST depois da ocupação do prédio do Incra em Salvador, onde servidores foram mantidos como reféns.
Na Bahia, serão consideradas como áreas de interesse social para fins de reforma agrária seis fazendas -Congresso, Arco-Íris e Horizonte 1, 2, 3 e 4.
No caso de Minas Gerais, três desapropriações envolvem agricultores organizados por sindicatos ligados à Contag na fazenda Frei Leopoldo.
Outra área de conflito atendida pelo Ministério Extraordinário de Política Fundiária foi a fazenda Cigano, no município de Água Fria (GO), a 40 km de Brasília.
Nessa área, a disputa do controle do acampamento por sindicalistas e militantes do MST redundou na morte de um agricultor na semana passada.
Meta
O presidente da Contag, Francisco Urbano, afirmou que o governo já atendeu 43 das 84 áreas apresentadas ao governo como prioritárias para desapropriação.
Mas ele prevê que o novo ministério não terá condições de atingir a meta prevista para este ano, com o assentamento de 60 mil famílias.
"O governo poderá, no máximo, atingir essa meta em termos de áreas desapropriadas, mas sem ter ainda o assentamento concluído", disse ele.
Desde a posse de Raul Jungmann no ministério, no dia 30 de junho, o governo já desapropriou 427.937 hectares para assentar 11.340 famílias.

Texto Anterior: Pitta propõe polícias Civil e Militar 'municipais
Próximo Texto: Descentralização começa no Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.