São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conselho debate ação do Exército

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Defesa Nacional reuniu-se ontem e tinha prevista, em sua pauta não-oficial, a intensificação do uso do Exército nas ações de reforma agrária.
A reunião deveria discutir plano de emergência para acelerar o assentamento de sem-terra com a participação ativa de batalhões de engenharia do Exército.
Seria discutido o uso intensivo desses batalhões na construção de infra-estrutura dos assentamentos: estradas, sistema de abastecimento de água, açudes e demarcação de lotes.
A Folha apurou que os militares avaliam que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pretende aumentar o processo de invasão de terras.
Por isso mesmo, o governo quer dar um ritmo mais veloz aos assentamentos. Para que os batalhões do Exército atuem nos assentamentos, o governo teria de liberar recursos orçamentários.
Segunda Seção
O Centro de Inteligência do Exército e a segunda seção dos comandos militares em todo o país estão coletando dados e informações sobre deslocamentos do MST.
A segunda seção é voltada exclusivamente para o serviço de informações. Acompanha assuntos que vão do comportamento da tropa a greves, tráfico de drogas e articulações do MST.
Oficialmente, o governo negou haver qualquer relação entre a reunião do conselho e as ações do MST e das centrais sindicais.
O chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, Alberto Cardoso, disse que era uma "coincidência" a realização da reunião no mesmo dia em que estava marcada a greve geral. Disse também que a reforma agrária não seria discutida pelo conselho.
O porta-voz da Presidência da República, Sergio Amaral, também afirmou que a greve geral e o MST não seriam discutidos no conselho.
O Palácio do Planalto informou, no início da tarde, que a pauta da reunião do conselho era a realização de licitação para a compra de armamentos pelo Exército e de embarcações pela Marinha.
Compõem o Conselho de Defesa Nacional o presidente da República, o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado e os ministros militares, da Justiça, das Relações Exteriores e do Planejamento.

Texto Anterior: MST contesta laudos sobre mortes no MA
Próximo Texto: Desapropriada área de conflito no PA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.