São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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'Trailer ao vivo' chega aos cinemas de SP

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de hoje, quem for ao cinema em São Paulo corre o risco de dar de cara com três tipos esquisitos perambulando pela sala, antes de projeção.
Uma mulher de lenço e óculos escuros procura o marido. Na sequência, um rapaz carregando três malas pede fogo a alguém na platéia. Acaba provocando uma discussão com um terceiro, que quer saber se aquilo é uma cantada.
Os atores Verydiana Toledo, 21, Maurício Morais, 23, e Antoune Nakhle, 27, estão apresentando um tipo de espetáculo inédito na cidade: um "trailer ao vivo".
Márcio Fraccaroli, diretor de marketing do Grupo Paris Filmes, considera a idéia pioneira: substituir o trailer convencional por atores de teatro.
Durante cerca de oito minutos, eles encenam um esquete baseado no filme em questão.
O escolhido foi o alemão "O Homem Mais Que Desejado...", de Sonke Wortmann, com estréia prevista para a próxima sexta, 28.
A trama principal mostra a disputa entre uma mulher e um homossexual, interessados no mesmo homem.
O roteiro do trailer foi criado em conjunto por Fraccaroli e Marcio de Luca, que dirige os atores.
A empresa espera ainda capitalizar o provável sucesso de "Twister": a maioria das apresentações vai acontecer antes do filme-castástrofe.
Foram contratados 15 atores, divididos em grupos de três. Durante cinco fins-de-semana (de hoje até o dia 14 de julho), eles farão apresentações em salas alternadas dos shopings Iguatemi, Paulista, Ibirapuera, Eldorado e Morumbi, sempre nas seções noturnas.
Na última quinta, houve uma espécie de pré-estréia do trailer no cine Eldorado 4. A reação da platéia foi da irritação (especialmente no início) às risadas esparsas.
Durante a maior parte do tempo, os atores prenderam a atenção do público. No final, houve palmas.
"As pessoas estranham no começo, até vaiam", diz Verydiana. "Depois, começam a entrar na brincadeira."
Para Nakhle, que interpreta o homossexual, a experiência deve dar certo. "Além de divulgar o filme, vai ajudar a vencer a resistência do público ao teatro."
Os atores acham que o humor leve é a melhor maneira de conquistar um público desconfiado.
"Não é nada bagaceira", diz Verydiana. A atriz acredita que o espetáculo funciona como trailer. "Não precisa ser fiel para passar a idéia do filme."
A adaptação, porém, é difícil. Na opinião de Fracarolli, só alguns filmes se prestam a esse tipo de divulgação. Mesmo assim, acredita que essa não será uma experiência isolada. "Se der certo, vamos ampliar a idéia", diz.

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