São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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DESMUNDO

"Depois de estar um pouco pensativo alevantou e se foi, mandando a natural que falava em minha língua tratar dos meus pés com águas de um pau que fervia e esfriava e me banhava, de modo que a dor acabou. Passando uns dias lhe pedi liberdade, mas disse ele, liberdade em mim era espada na mão de menino e ali fiquei no catre, sem Francisco de Albuquerque me visitar de dia nem de noite, que se deitava com as naturais e as fornicava à minha vista, como para humilhar, mas a um modo de cachorros, em joelhos. Fosse para dar ciúmes, nem se perdesse nisso, de mim não teria mais que a raiva."

Extraído do livro "Desmundo", da escritora Ana Miranda, editado pela Companhia das Letras

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