São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Acordo acaba com "guerra da carne"

IGOR GIELOW
DE LONDRES

Após quase três meses, a "guerra da carne" entre a Europa e o Reino Unido terminou formalmente com um acordo ontem.
Foi definido o levantamento progressivo do embargo mundial à carne britânica e o fim imediato da retaliação de Londres contra o trabalho da UE (União Européia).
O primeiro-ministro britânico, John Major, disse que o acordo era satisfatório. Mas ele foi criticado no Reino Unido e por parceiros europeus (leia nesta página).
Os documentos assinados em Florença (Itália), onde líderes dos 15 países-membros da UE estão reunidos, não têm prazos fixos.
A crise deixou 36 mil desempregados no Reino Unido, país que no ano passado exportou US$ 830 milhões em carne e que tem 11,8 milhões de cabeças de gado.
Em 27 de março, a Comissão Européia determinou o banimento da carne e produtos relativos a ela por causa do medo de contaminação pela "doença da vaca louca", mal degenerativo do sistema nervoso que mata os animais.
Era uma resposta à revelação, feita pelos próprios britânicos, de que havia risco de ligação entre a doença e sua similar humana por meio de carne contaminada.
Nas últimas três semanas, a "guerra da carne" entrou em seu momento mais dramático: Londres determinou a obstrução de medidas da UE por meio de veto ou omissão do Reino Unido. Exigia o fim imediato do embargo.
O acordo de ontem determina que o Reino Unido mate 120 mil animais nascidos após 1989, considerados de alto risco porque não havia controle sobre a comida dada ao gado -misturas feitas com carcaças de carneiro levaram à primeira infecção pela "doença da vaca louca", em 1986.
O gado terá de ser controlado, assim como sua ração. Toda ração com carne ou osso será banida. Todas as medidas têm de ser aprovadas, uma a uma, pela UE e reportadas de dois em dois meses.
Em troca, levanta-se gradualmente o embargo a animais sem risco, embriões, animais nascidos depois de data a ser definida, animais com menos de 30 meses e, por fim, a todo o gado bovino.
A UE também vai liberar a venda de carne a países fora de sua jurisdição em condições específicas.

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