São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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Para família, arquivo não morreu com PC

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A família de Paulo César Farias argumenta que a morte do empresário alagoano não significa automaticamente o fim de um arquivo.
Segundo os irmãos de PC, a família é testemunha viva do seu relacionamento com políticos e empresários e pode fazer "algumas revisões" sobre versões que circularam durante o Collorgate (1992).
Ontem mesmo, assessores de PC iniciaram a coleta e organização de documentos no escritório da sua casa em Maceió (AL), onde o empresário se recolhia todas as tardes para cuidar dos seus negócios.
"Ele deve ter deixado muitas anotações, resultado destas tardes em que se isolava", contou Luiz Romero Farias, irmão de PC.
Sobre um arquivo que poderia estar fora do país, conforme PC havia dito à Folha, a família mantém o silêncio.
Os Farias acreditam na tese de crime passional, mas o próprio Luiz Romero comentava com amigos, durante o velório do irmão, que havia uma raríssima possibilidade de atentado político.
"Bomba"
A família de PC discorda da versão de que ele nunca contou nada sobre as suas atividades com empresários e políticos.
Para o deputado federal Augusto Farias (PPB-AL), irmão do ex-tesoureiro, o depoimento de PC ao Supremo foi uma "bomba".
"Paulo deu nome de dezenas de empresas, governadores, políticos ajudados", diz Augusto. "Mas o interesse na época era de puni-lo sozinho, nenhum empresário sofreu prisão como ele".
Para a família, o massacre sobre PC encobriu, "com a ajuda da imprensa", a possibilidade de punição para pessoas que tentaram tirar proveito do ex-tesoureiro.
Segundo os Farias, o choque da morte impede no momento qualquer revelação mais forte sobre documentos deixados por PC.
Os advogados do empresário alagoano estão providenciando documentos para definir o desbloqueio dos bens de PC.
Com a morte, segundo o advogado D'Allambert Jaccoud, extingue-se automaticamente qualquer punibilidade, e o desbloqueio depende só do processo burocrático.
Augusto Farias deve ser o tutor dos filhos Paulo, 14, e Ingrid, 16. O deputado já funcionava como procurador do irmão desde a prisão de PC, em dezembro de 93.

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