São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CMN prepara pacote para agricultura

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo prepara um pacote de ajuda à agricultura.
Entre as medidas que devem ser adotadas amanhã, em reunião do Conselho Monetário Nacional, estão o aumento nos preços mínimos e a elevação dos empréstimos compulsórios para o setor.
O reajuste nos preços ficará entre 9% a 12% para a próxima safra. Na atual, os principais produtos -arroz e soja- não tiveram seus preços alterados. O reajuste em estudo ficará, portanto, abaixo da inflação dos últimos dois anos.
Bancada ruralista
Alguns produtos, como o milho, tiveram o preço mínimo reduzido. A saca de 60 quilos caiu de R$ 6,32 na safra 94/95 para R$ 6, (valor fixado para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste).
O preço mínimo é importante para quem pegar financiamento com o governo. Nesse caso, o agricultor pagar o empréstimo em dinheiro ou em produto, tendo como base o preço mínimo vigente.
A bancada ruralista (parlamentares ligados à agricultura) reivindica aumento maior para os preços mínimos. O governo não aceita. Diz que o objetivo é apenas dar garantia mínima para quem não conseguir vender no mercado.
O governo também não quer ficar com grandes estoques. A exceção é o milho, cujo estoque regulador é considerado baixo.
Compulsório maior
O CMN vai votar também o aumento dos empréstimos dos bancos na área agrícola.
Atualmente, os bancos são obrigados a aplicar 17% dos depósitos à vista na agricultura.
A idéia do Ministério da Agricultura é aumentar esse índice para 25%. Com isso, o governo terá mais R$ 1 bilhão em recursos para aplicar na agricultura.
O CMN vai discutir também a redução das alíquotas do Proagro, uma espécie de seguro da produção. Quando o produtor pega empréstimo de custeio, ele paga um seguro -que depende do produto e do local de plantio.
O governo fez um detalhado zoneamento agrícola, com dicas da melhor época para plantar e a cultura certa para cada região.
A partir da próxima safra, as alíquotas do Proagro serão reduzidas para os produtores que seguirem as instruções do zoneamento, já que o risco do plantio será menor.
Segundo Cláudio Mauch, diretor do BC, o CMN também estudará medidas relativas ao crédito.
Prazo
O governo já havia decidido anteontem prorrogar para 22 de julho o prazo para os produtores rurais renegociarem suas dívidas com os bancos. O prazo inicial era 30 de junho. O ministro Arlindo Porto (Agricultura) disse que a ampliação do prazo não vai atrapalhar a liberação de recursos da próxima safra.
O ministro afirmou também que os produtores rurais terão, no mínimo, 40% a mais de recursos na safra 96/97.
Em 95 foram liberados R$ 2,6 bilhões, incluídos os recursos do Pronaf (Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar). Para este ano, a previsão é ultrapassar R$ 3,6 bilhões.

Texto Anterior: Lavagem de dinheiro vai além da droga
Próximo Texto: Morte do vilão amável
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.