São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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Globalização sindical

CLÓVIS ROSSI

Lyon - "Trabalhadores do mundo, uni-vos". Alguém ainda se lembra desse grito? É do Manifesto Comunista, velho de 148 anos e em desuso desde que caiu o Muro de Berlim.
Pois vai começar de novo, a partir da conferência da Ciosl (Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres), iniciada ontem em Bruxelas. Note-se que a Ciosl foi criada justamente para combater o comunismo.
"O trabalhismo organizado está sob ataque em uma escala global e com uma intensidade jamais experimentada na sua história", constata Bill Jordan, seu secretário-geral, em entrevista ontem publicada pelo jornal britânico "Financial Times".
De fato, a globalização deixou o sindicalismo ainda mais perplexo do que os governantes. Não que estes também não estejam inquietos. Prova-o o fato de que o G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, escolheu "globalização" (e nada mais) como pauta principal da sua cúpula anual, a inaugurar-se amanhã em Lyon, no Sudeste francês.
Mas é óbvio que os trabalhadores, elo mais fraco da cadeia, são muitíssimo mais afetados.
Como o sindicalismo pretende reagir à globalização? Globalizando-se. A idéia-mãe é pressionar, nos países em que a organização sindical é forte, as empresas que ferem regras básicas em outros países.
Já aconteceu com a Sprint, empresa norte-americana de telefonia de longa distância. Ela demitiu trabalhadores de origem hispânica na sua fábrica de San Francisco (EUA). O sindicalismo francês e alemão pressionou seus respectivos governos para exigir respeito às regras trabalhistas em troca de acesso a seus mercados.
O primeiro grito fracassou. O segundo colhe o sindicalismo em um de seus momentos mais delicados.

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