São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 1996
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PC e FHC

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Qualquer que seja a solução para o assassinato de Paulo César Farias (queima de arquivo ou crime passional), devemos meditar sobre um de seus desabafos durante a CPI da qual resultou o impedimento de Collor.
A situação estava crítica para o ex-tesoureiro da campanha presidencial. A cada dia revelavam-se novos escândalos.
Num de seus depoimentos, PC Farias declarou (cito de memória): "Enquanto não forem mudadas as regras do financiamento às campanhas eleitorais, tudo de que me acusam será repetido. A economia do país tem um núcleo, que é o governo. Todos os agentes econômicos (indústria, comércio, bancos, serviços) tentarão influir no processo e o único meio para isso é financiar políticos e partidos".
Sabemos que a campanha de FHC foi mais suntuosa do que a de Collor. A prestação de contas que a Justiça Eleitoral cobra dos partidos é uma farsa. Assim como a turma colorida desejava ficar muitos anos no poder, a turma de Serjão -que funcionou como o PC do candidato tucano- garante que vai deitar e rolar em Brasília durante os próximos 20 anos.
A essa altura já deve haver, além das eternas sobras da campanha passada, uma caixa específica para financiar a reeleição no Congresso e, depois, a própria campanha nas ruas.
Até aí, morreu néris -há exatos 35 anos não uso a expressão, mas aí vai ela. O diabo é o preço que os candidatos pagam pelo apoio. No caso de Collor, o dinheiro foi dirigido prioritariamente para contas pessoais, carros, jardins, viagens. A abertura que Collor promoveu no país, modernizando-o até onde foi possível, não dependeu do esquema de corrupção montado por PC.
Os escândalos de então beneficiaram pessoas físicas ou fictícias. No caso do atual governo, são pessoas jurídicas, como o Banco Nacional, que não apenas levaram dinheiro, mas estão com a impunidade garantida.

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