São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Delegado chama irmão de PC para depor

VANDECK SANTIAGO; XICO SÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ E DO ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O delegado Cícero Torres, que preside o inquérito sobre a morte de PC, disse ontem, às 19h10, em Maceió, que Augusto Farias vai ser ouvido sobre o assassinato de seu irmão.
"Eu não o tenho na condição de suspeito, ainda. Não existe nenhum indício que me leve a suspeitar do deputado Augusto Farias", declarou.
Torres disse que a decisão foi tomada porque Augusto Farias foi a última pessoa a estar na sala da casa de praia de Guaxuma, enquanto PC e sua namorada, Suzana Marcolino, ainda estavam vivos.
Ainda não foi marcada data para o depoimento de Augusto Farias. Como deputado, ele pode escolher o dia em que vai depor.
Sobre a hipótese de o deputado Augusto Farias ter envolvimento no crime, Torres disse: "Não trabalho com essa hipótese, mas, se vier a acontecer, ele será indiciado."
Quando perguntado por que falou que ainda não o considerava suspeito, afirmou: "Eu não sei se amanhã terei indícios contra ele. Até o momento, não há motivos para deter ninguém."
Disse também que quer saber o que aconteceu depois do "momento em que o senhor Augusto Farias saiu da residência do senhor Paulo César Farias".
O advogado da família Farias, João Boleado Jr., disse que em todos os depoimentos dados ontem, na sede da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, em nenhum momento o nome de Augusto Farias foi mencionado.
O delegado Cícero Torres disse que sua prioridade no momento era ouvir Zélia Maciel, sua irmã, Angela, e os seguranças que estavam na casa na hora do crime.
Desistência
Com a morte do irmão PC, Augusto Farias pode desistir da candidatura a prefeito de Maceió.
Escolhido como tutor dos filhos do empresário alagoano, Ingrid e Paulo, o deputado tem a missão, deixada por PC, de administrar a herança dos filhos.
PC estava empenhado e ajudando a montar a estrutura da campanha eleitoral sonhada pela família.
O ex-tesoureiro do ex-presidente Collor (1990-92) cuidava também de costurar alianças políticas que poderiam ajudar Augusto a tentar se eleger prefeito.
O ex-governador Geraldo Bulhões (PSC), políticos do PMDB e do PFL eram os alvos mais recentes das conversas de PC para ajudar o irmão no seu projeto.
Sobrecarregado
A família, que esteve reunida nos últimos dias, avalia que Augusto agora está sobrecarregado, sem condições de tocar uma campanha eleitoral.
Tudo indica, segundo o clima das últimas reuniões dos sete irmãos de PC, que a candidatura pode mesmo ser deixada para trás. Não existe, no entanto, decisão oficial.
Tio mais querido dos filhos de PC, o deputado, na opinião dos Farias, tem agora o papel de administrar um momento difícil na vida de Paulo e Ingrid.
A tendência, discutida nos últimos encontros dos Farias, é que os filhos permaneçam no Brasil, onde teriam mais apoio da família para tentar uma recuperação do impacto provocado pela morte.
Eles estavam estudando na Suíça, de onde chegaram na última sexta-feira, dois dias antes do crime na casa de praia de PC.
Os Farias podem abrir mão de uma candidatura à Prefeitura de Maceió, mas o projeto do jornal "Tribuna de Alagoas" é uma questão de honra. O primeiro número deve sair no próximo mês.
(VANDECK SANTIAGO e XICO SÁ)

Texto Anterior: Hipóteses para o crime
Próximo Texto: PF 'federaliza' as investigações do crime
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.