São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996 |
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Cortes comprometem futuro das empresas
LUÍS NASSIF
No entanto, há uma praga na área que é o marketing da administração. O estilo, copiado do modelo americano, consiste em criar modismos que são oferecidos de maneira mecânica aos incautos. A questão da reengenharia foi um desses casos. Em geral, os processos de reestruturação de empresas partem da análise de processos. Em vez de avaliar cada departamento de maneira estanque, analisam-se processos globalmente (por exemplo, sistemas de cobrança, sistemas de vendas) e o papel de cada departamento no processo em si. A partir daí, passa-se a um trabalho de racionalização, eliminando funções repetidas ou superpostas que proliferavam antes, quando os departamentos ainda atuavam de maneira estanque. Completado o diagnóstico, redefine-se o processo. E a eliminação das funções superpostas acaba permitindo o enxugamento dos quadros da empresa. Portanto, o enxugamento é mera decorrência (que pode ocorrer ou não) da racionalização prévia dos processos. Consultores pouco escrupulosos passaram a vender a incautos a poção mágica. Prometem o enxugamento drástico de custos, independentemente da racionalidade dos processos. Em vez de compasso, a reengenharia virou tesoura. Em geral, os resultados têm sido drásticos. Atrás de resultados imediatos, muitas vezes compromete-se o futuro de empresas. A Sharp é um caso clássico. Deu força a um executivo durão que empreendeu grandes enxugamentos na Sid e, depois, na Sharp. Melhorou os resultados nos dois trimestres seguintes. Depois, quando veio o boom de consumo do Real, a Sharp estava amarrada porque seu departamento de desenvolvimento havia sido desarticulado para garantir os bons resultados de curto prazo. Para ter dois trimestres de bonança, comprometeu-se o futuro da companhia. Texto Anterior: Pai da reengenharia ataca o simples corte Próximo Texto: Ataque à cartilha dos anos 80 vira moda Índice |
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