São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Real muda o perfil do consumo no país

FERNANDO OLIVA

FERNANDO OLIVA; LUCIA REGGIANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

População do país está gastando cada vez menos com componentes da cesta básica. Crescem as vendas de produtos diferenciados, principalmente nos setores de eletroeletrônicos e informática

O Plano Real gerou crescimento das vendas no varejo, resultado de aumento no poder de compra do consumidor de baixo poder aquisitivo.
A expansão é maior em produtos mais sofisticados ou supérfluos. Os gastos com produtos da cesta básica vêm caindo desde o início do plano (veja quadro acima).
Pesquisa do Provar (Programa de Administração de Varejo da USP), registra aumentos no consumo do país, de 1994 para 1995, que chegam a 73%.
No ano passado foram vendidos 56% mais videocassetes e 41% mais fogões do que em 1994. O aumento nas vendas de fornos microondas foi de 41%.
Televisores em cores tiveram vendas 20% maiores. Os aparelhos de CD foram recordistas, com aumento de 73%.
Segundo Cláudio Felisoni, coordenador-geral do Provar, a redução da inflação, após o plano, resultou num ganho real significativo para consumidores de baixa renda, que não tinham como proteger-se no sistema bancário.
Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) apontam para um aumento de 27,4% nas vendas de motos do primeiro quadrimestre deste ano em relação a 1995.
Segundo Felisoni, o consumo no país caiu de 70% do PIB (Produto Interno Bruto), na década de 80, para 58% na primeira metade dos anos 90.
"A demanda de varejo reprimida até o começo desta década explodiu após a consolidação dos baixos índices de inflação", afirma.
Exemplo do novo consumo são os itens de informática. A demanda reprimida em anos de reserva de mercado (acabou em 1992) encontrou vazão nas feiras do setor e nas prateleiras dos supermercados.
Há um ano, consumidores formavam fila tripla e esperavam horas para comprar um computador financiado nos estandes da Fenasoft.
As oito lojas do Extra Hipermercados, que iniciaram as vendas de informática em setembro de 1995, hoje vendem cerca de 2 mil micros por mês.
Mas esse "boom" não deve se perpetuar. Felisoni prevê uma estabilização do consumo nos próximos anos.

Colaborou Lucia Reggiani, da Reportagem Local

Texto Anterior: Ataque à cartilha dos anos 80 vira moda
Próximo Texto: Investimento cresce com a concorrência estrangeira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.