São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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Maior do país espera estabilidade

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Lázaro de Mello Brandão vê o futuro do Bradesco com tranquilidade. Do alto de seus 70 anos, o sucessor de Amador Aguiar acha que a instituição está preparada para a nova fase da economia, a da estabilidade. Nessa fase, voltam os empréstimos de longo prazo, os mecanismos de alavancagem das empresas nos mercados de capitais, o crédito direto ao consumidor.
A combinação da vanguarda tecnológica com a tradição conservadora de instituição varejista é a chave do Bradesco para perpetuar-se.
Comprar bancos para crescer, como fez no passado, é uma hipótese descartada por Brandão. Agora, o caminho é a expansão natural, segundo ele.
O presidente do maior banco privado do país também avisa que pretende continuar à frente dele enquanto tiver saúde e disposição para o trabalho.
"Vou teimar mais um pouco", diz, sorrindo.
A sucessão de Brandão no Bradesco, tumultuada com a saída de dois executivos de peso no ano passado -Alcides Lopes Tápias e Armando Fernandes Júnior-, continua, por enquanto, uma incógnita.
Sucessão, mesmo, só de lucros. A rentabilidade do banco em 1995 foi de 11,2% sobre o patrimônio líquido, bem próxima dos 12,1% obtidos no ano anterior. No primeiro trimestre deste ano, o índice anualizado foi de 13,7%.
Para garantir tal rentabilidade num cenário econômico tão adverso como o do ano passado, o Bradesco investiu milhões de dólares em tecnologia e reduziu custos operacionais, afirma Brandão.
Em fevereiro de 1986, o banco tinha 140 mil funcionários. Hoje, tem apenas 48 mil.
"Investimos mais de US$ 1 bilhão nos últimos dez anos em tecnologia. Aumentamos a produtividade e conseguimos administrar um banco maior com menos pessoas", diz ele.
O pioneirismo do banco nessa área, iniciado com a compra do primeiro computador por uma empresa brasileira, em 1962, prossegue de vento em popa. O Bradesco inaugurou este ano um inédito serviço de "home bank" (banco em casa) na Internet.
Automação
A arrecadação de tarifas subiu 41,4%, para US$ 1 bilhão (17% das receitas).
A composição de receitas do banco refletiu a queda dos lucros com as atividades clássicas -receber depósitos e conceder empréstimos- e o aumento dos ganhos com outras atividades não-bancárias, como as áreas de seguros, cartões de crédito, previdência privada e capitalização.
O Bradesco obteve, no ano passado, 89% das receitas operacionais por meio de dividendos sobre a participação em outras empresas -como seguradora e administradora de cartão.

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