São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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Hosmany durante entrevista ontem no hospital, ao lado de policial

ROGERIO SCHLEGEL
ENVIADO ESPECIAL A POUSO ALEGRE

O cirurgião plástico Hosmany Ramos, 50, negou ontem ter participado do sequestro do empresário Ricardo Carvalho Rennó, 49, em Minas Gerais.
Contraditório, ele admite ter emprestado a casa para servir de cativeiro e mostra conhecer detalhes da negociação.
Hosmany acredita que "a providência divina" o salvou de ser morto. Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista.
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Hosmany Ramos - Gostaria de abrir dizendo que meu depoimento oficial só será dado em juízo.
Pergunta - Por que o sequestro e quantos participaram?
Hosmany - Esse caso é tão complexo, porque envolve romance, necessidade de dinheiro, e não tenho como responder. É assunto para ser esclarecido em juízo.
Pergunta - O motivo foi financiar o casamento de um dos sequestradores (Cristiam Reis, 20, também preso e em estado grave)?
Hosmany - Exatamente. Eu fiquei sabendo disso depois. Não fui o cabeça. Só participei. O fulano (Antônio Pádua Veiga, sogro de Cristiam) me ligou e disse que estava chegando em minha casa, em Governador Valadares (MG).
Ele apareceu e ficou lá durante dois dias com um sequestrado. Eu nem tinha idéia daquilo.
Pergunta - Você não desconfiou que poderia ser capturado quando foi pegar o resgate?
Hosmany - Eu não fui pegar o resgate. Quando a gente desceu lá foi tiroteio para todo canto, só deu para tentar sobreviver. Eu fui inocentemente. A coisa estava tão inocente que ele trouxe o noivo da filha (Cristiam).
Pergunta - Por que você entrou no sequestro?
Hosmany - Foi uma grande bobagem da minha parte ter abandonado o semi-aberto (regime de prisão que tinha em Bauru). Mas não participei do sequestro, apenas cedi lugar para o cativeiro.
E a questão do grupo Ira?
Hosmany - Esse caso do Ira foi apenas uma criação de momento, uma fantasia ilustrativa, para que aquilo fosse publicado.
Pergunta - Você pensa em fugir?
Hosmany - Não. Nasci de novo. Houve uma providência divina para que eu não fosse atingido porque eu salvei a vida do sequestrado. Quando fomos presos, os que escaparam me ligaram e perguntaram o que fazer. Eu falei: solta o homem.

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