São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 1996
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EUA mantêm militares na Arábia Saudita

Sauditas oferecem recompensa

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os EUA vão manter sua presença militar na Arábia Saudita, apesar do ataque terrorista que anteontem matou 19 soldados norte-americanos e feriu mais de 400.
O presidente Bill Clinton disse que os militares dos EUA são "bem-vindos" na Arábia Saudita e que o país não vai ser intimidado pelo terror.
Uma pessoa reivindicou para uma organização desconhecida a autoria do atentado.
O governo da Arábia Saudita ofereceu recompensa de US$ 2,6 milhões para quem der pistas que levem à prisão dos terroristas.
Uma equipe de agentes da polícia federal norte-americana (FBI) está ajudando as autoridades sauditas a investigar o caso.
Os corpos dos 19 mortos, todos soldados da Força Aérea dos EUA, chegam hoje à base de Dover, Delaware, Costa Leste do país.
Os EUA estão em luto oficial por cinco dias, decretado pelo presidente Clinton ontem de manhã.
O atentado de anteontem foi o que provocou mais vítimas militares norte-americanas em nação em paz na história e o pior desde o de Beirute, Líbano, em 1983, quando 241 soldados morreram.
Cerca de 2.900 militares dos EUA moravam na base de Dhahran, cerca de 350 km a leste de Riad, onde o ataque aconteceu às 22h30 locais (17h30 em Brasília). O caminhão-tanque explodiu na entrada na área residencial do complexo.
Os militares que vivem em dhahran não podem ter familiares na base. Por isso, não morreram civis.
No total, há cerca de 40 mil norte-americanos vivendo na Arábia Saudita. Todos foram alertados para redobrar suas condições de segurança. O Departamento de Estado fez a mesma recomendação para todos os que viajarem para a região do golfo Pérsico.
O secretário de Estado Warren Christopher visitou o local do atentado ontem, e o secretário da Defesa William Perry está indo para lá no sábado. O presidente Clinton disse também estar estudando a possibilidade de ir a Dhahran.
O candidato da oposição à Presidência dos EUA, Bob Dole, disse concordar com a decisão de Clinton de manter as tropas de seu país na Arábia Saudita.
Ao deixar Washington com destino a Lyon, França, Clinton disse que "qualquer um que ataque um norte-americano ataca todos os norte-americanos". Ele prometeu mobilizar todos os recursos do país para "punir os covardes responsáveis" pelo atentado.
A maioria dos países árabes condenou o ataque de Dhahran. O governo de Israel também deplorou o atentado. O governo do Irã negou acusações feitas pelo presidente israelense, Ezer Weizman, de que ele é responsável pelo atentado de Dhahran.
Acredita-se que o ataque de anteontem tenha sido em represália à execução de quatro sauditas condenados por outro atentado, em novembro de 1995, em Riad, no qual morreram cinco norte-americanos e dois indianos.

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