São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Tese vê relação com viajantes do século 19

ADRIANO SCHWARTZ
DA REDAÇÃO

Apesar de necessariamente parcial, um levantamento dos estudos feitos sobre Guimarães Rosa na Universidade de São Paulo, a mais importante do país, pode dar uma idéia dos aspectos mais abordados por pesquisadores em sua obra.
Os temas pesquisados são: diferentes aspectos da correspondência do autor com Meyer-Classon, seu tradutor alemão (dois estudos), a adaptação de "Grande Sertão: Veredas" para a televisão (um estudo), análises propriamente literárias sobre questões da obra ficcional do autor (cinco estudos) e comparações com outros escritores (dois estudos).
Há ainda em outras instituições estudos de grande relevância.
É o caso, para dar um exemplo, da análise feita pela antropóloga Ana Luiza Martins Costa para sua tese de doutorado, que será entregue em agosto, no departamento de comunicação e semiótica da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP).
Ela estudou principalmente as cadernetas de viagem de Guimarães Rosa, que, assim como grande parte de sua correspondência, permanecem inéditas no Instituto de Estudos Brasileiros.
Para Ana Luiza, os escritos do autor entre os anos de 1946 -lançamento de "Sagarana"- e 1956 -lançamento de "Grande Sertão: Veredas" e "Corpo de Baile"-, que são depois inseridos em vários momentos de suas obras, dialogam, principalmente, com duas linhas distintas da cultura brasileira.
Por um lado, com "Os Sertões", de Euclides da Cunha, na definição de uma "cultura do boi", fundamental para compreensão do que é o sertanejo.
Por outro, com os diários dos grandes viajantes do século 19, como Saint-Hilaire e Richard Burton, mas com uma diferença: em vez de simplesmente descrever a natureza, Guimarães Rosa se preocupava em anotar como os habitantes dos locais que visitava a descreviam.
(AS)

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