São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Truques do belo

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O belo, visto enquanto categoria estética e ideal a ser realizado pelas obras de arte, é algo datado, faz parte de um momento específico da história ocidental, localizado no século 18, sem nenhuma capacidade de explicar o que ocorreu no terreno da produção artística nos últimos 200 anos. Baudelaire, por exemplo, dizia que "do feio o poeta desperta um novo encanto".
Apesar disso, o belo sobrevive em nossa cultura, seja nos julgamentos corriqueiros que fazemos diariamente visando um objeto, uma pessoa ou uma paisagem, seja enquanto "parâmetro" implícito da maioria das pessoas quando são compelidas a se posicionar diante de qualquer objeto ou fenômeno considerado "artístico".
Resumo da ópera: mesmo morto, o belo permanece vivo, numa espécie de tributo involuntário da cultura ocidental ao ideal platônico de encerrar o mundo em formas purificadas da matéria.
Essa aporia que encerra o conceito do belo foi, em resumo, a que constituiu o fio condutor dos "Diálogos Impertinentes" que reuniu, na última terça-feira de maio, o poeta e professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Décio Pignatari, e o professor de estética da Faculdade de Educação da USP, Celso Favaretto.
O encontro que debateu "O Belo" foi mediado por Mário Sérgio Cortella, professor do Departamento de Teologia da PUC-SP, e pelo jornalista Caio Túlio Costa, diretor do Universo Online da Folha. A promoção do evento, realizado mensalmente, é do Sesc (Serviço Social do Comércio), da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e da Folha.
(FBS)

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