São Paulo, quarta-feira, 3 de julho de 1996
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Governo russo nega morte de Ieltsin

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

A Rússia realiza hoje o segundo turno da eleição presidencial numa votação marcada por dúvidas sobre o estado de saúde do presidente e candidato à reeleição, Boris Ieltsin. Um porta-voz do serviço de imprensa do Kremlin chegou a desmentir rumores de que o presidente tivesse morrido.
Ieltsin, 65, aparece como favorito segundo as pesquisas, mas dúvidas sobre a sua saúde e a possibilidade de baixo comparecimento às urnas, por apatia do eleitorado, colocam em risco a sua vitória.
"Posso dizer oficialmente que Boris Ieltsin está vivo", disse o porta-voz citado pela agência de notícias "France Presse".
"Esse tipo de rumor está ligado a jogos financeiros ou especulações na Bolsa de Valores." Segundo o porta-voz, Ieltsin vai votar hoje em seu colégio eleitoral.
Ontem, o presidente não apareceu em público. Na segunda-feira, a TV russa transmitiu uma mensagem de Ieltsin aos eleitores, pedindo que comparecessem às urnas, na disputa que ele trava com o neocomunista Guennadi Ziuganov, 52. O presidente parecia cansado e falava com lentidão.
Ieltsin não apareceu em público entre a manhã de quarta passada e a mensagem da TV de anteontem. O presidente teria perdido a voz com o esforço de campanha, segundo versão do Kremlin.
No ano passado, Ieltsin foi hospitalizado duas vezes por causa de problemas cardíacos.
Na segunda-feira, também foram transmitidas imagens do presidente conversando com o premiê Viktor Tchernomirdin.
Mas o esforço do governo se mostrou insuficiente para diminuir as dúvidas sobre Ieltsin.
O comando da campanha ieltsinista avalia que um comparecimento abaixo de 60% pode significar vitória de Ziuganov. Na Rússia, o voto não é obrigatório.
Os neocomunistas, donos do maior partido do país, contam com eleitores mais disciplinados e militantes. Os eleitores de Ieltsin se concentram nas camadas mais jovens e mais ricas, geralmente menos interessadas em política.
Apatia
Diferentemente da agitação ocorrida antes de 16 de junho, a campanha eleitoral para o segundo turno foi marcada pela apatia. Ieltsin fez só uma viagem, e Ziuganov permaneceu em Moscou.
Eleitores vão poder votar em aeroportos e estações ferroviárias. Outra medida para facilitar a votação: antes era exigido o passaporte. Hoje, pode ser usado qualquer documento de identidade.

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