São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Tiroteio deixa 1 morto e fere menino
RONI LIMA
O comando do 2º BPM (Batalhão de Polícia Militar) culpou os traficantes pela morte do comerciante Antônio Batista da Conceição, 43. Ele estava dormindo quando levou um tiro na cabeça. Para a PM, a bala partiu do fuzil de um traficante que teria disparado após um PM pisar numa folha de zinco. Assustado com o barulho, o traficante teria feito disparos, acertando o morador, que dormia em seu barraco, e o menino que brincava no pátio da escola. Moradores da favela -que não se identificaram por temer uma vingança por parte dos policiais- apresentaram outra versão: a bala teria sido disparada pela PM. Dendê O episódio do Dona Marta foi semelhante ao ocorrido anteontem à noite no morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte). Morador da favela, Carlos Alexandre Coutinho, 15, foi morto com um tiro na cabeça durante ação da PM (Polícia Militar). Os moradores protestaram -inclusive incendiando um ônibus, apedrejando carros e saqueando lojas- após o crime. Ontem, cerca de mil moradores do morro do Dendê (segundo a PM) participaram de uma passeata pacífica pelas ruas da Ilha. Os manifestantes pediam justiça e punição para o assassino do adolescente. Para o comando do 17º BPM (Ilha do Governador), a bala que matou Coutinho partiu da arma de um traficante. Ontem, Rafael Lopes, 9, levou um tiro de raspão no joelho direito quando estava no pátio do colégio Princesa Isabel, na rua São Clemente. O colégio fica a cerca de 1 km do morro do Dona Marta, um dos principais redutos de traficantes de drogas da zona sul carioca. Com a participação de 20 homens, a operação do 2º BPM começou às 5h. O objetivo, segundo o comando, era o de "asfixiar" os pontos-de-venda de cocaína e maconha da favela. A partir da chegada dos PMs, começou intenso tiroteio, o que levou pânico aos moradores da favela e dos prédios de classe média vizinhos ao Dona Marta. Moradores afirmaram que alguns policiais usavam toucas e roupas pretas. Outros, se vestiam de branco. O uso de toucas por policiais é proibido pelo secretário estadual da Segurança Pública, general da reserva Nilton Cerqueira. A 10ª Delegacia de Polícia, em Botafogo, abriu inquérito para investigar os disparos que mataram Conceição e feriram o estudante. Texto Anterior: Refém era dedicada à carreira Próximo Texto: PM, refém e assaltante morrem em fuga Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |