São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Fornecedores da Mesbla vivem crise

FÁTIMA FERNANDES

FÁTIMA FERNANDES; FERNANDO PAULINO NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dívida junto a 600 empresas é de US$ 50 mi

Fornecedores da Mesbla -em sua maioria pequenas e médias empresas- estão com dificuldades para continuar operando depois que a rede de lojas decidiu não pagar suas contas em dia.
Para muitos deles, as vendas para a Mesbla chegavam a representar até 80% da produção mensal. A dívida da Mesbla junto a 600 fornecedores soma US$ 50 milhões.
A proposta da empresa é pagar apenas 20% no vencimento e prorrogar por 60 dias o pagamento do restante (80%).
Para a confecção Coqueiros, a Mesbla deve R$ 2,2 milhões -R$ 400 mil referentes à venda de produtos antes do pedido de concordata, e R$ 1,8 milhão de entregas mais recentes.
A Coqueiros tinha encomendas da Mesbla para entrega de 80 mil peças, ou 50% da produção mensal, diz Vilson Campanhã, diretor.
Com a Native, a dívida é de R$ 890 mil -dos quais R$ 290 mil são anteriores à concordata.
"Estou com um buraco de 12 mil peças (R$ 80 mil) na produção, que representam 80% da nossa fabricação mensal", diz Roque Cedraz Rios, diretor.
Para a Malharia Mundial, a decisão da Mesbla de não pagar o total da dívida em dia provocou cancelamento de pedidos de 20 mil peças, ou 15% da produção mensal, diz Fernando Cury, diretor.
Na Ronex, fabricante de lingeries, o estoque também é de 20 mil peças por conta do cancelamento de pedidos. A Mesbla deve R$ 600 mil à Ronex -R$ 120 mil são anteriores à concordata.
A Drastosa, fabricante de meias, diz que parou de vender à Mesbla quando a empresa entrou em concordata. A dívida é de R$ 200 mil.
Luiz Gomide, advogado da Mesbla, diz que os fornecedores foram convidados a participar do esforço de recuperação da empresa.
"Quem não quiser o parcelamento vai receber normalmente, conforme negociação."
Proposta
A Mesbla propôs a seus credores no processo da concordata pagar apenas 7% do valor da dívida no momento do pedido, em agosto de 95, e 25% divididos em 36 meses, corrigidos pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
Para ser aceita pela Justiça, a proposta tem que ser encampada por todos os credores.
Entre fornecedores e bancos, são cerca de 900 credores. A proposta só será válida se o Grupo Mariani, que tem a opção de compra do controle acionário da Mesbla, efetivar o negócio.
O débito da Mesbla na concordata é de R$ 257 milhões, dos quais R$ 103 milhões (40%) têm que ser pagos até o dia 2 de agosto.

Colaborou FERNANDO PAULINO NETO, da Sucursal do Rio

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