São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Governo quer crédito para classe média

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo deve anunciar dentro de três meses um novo programa de financiamento habitacional para a classe média, disse ontem o presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), Sérgio Cutolo.
O programa terá regras diferentes do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). O objetivo é reduzir o risco das construtoras que hoje estão financiando imóveis com recursos próprios.
Após a entrega das chaves do imóvel para o comprador, a parcela restante do financiamento seria transformada em um título a ser negociado no mercado financeiro (é a chamada securitização de recebíveis).
Com isso, o risco de pagamento da dívida deixaria de ser da construtora que financia o imóvel.
"Quem comprar o papel assumiria o risco", disse à Folha o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, que está discutindo esse novo modelo de financiamento com a CEF.
Os detalhes do novo programa ainda não estão fechados. Mas a expectativa do governo é que o custo desses financiamentos fique abaixo daquele cobrado hoje no sistema de carteira hipotecária.
"O SFH está completamente falido", disse Cutolo na Câmara dos Deputados.
Novos recursos
A CEF também estuda outras formas de financiar a compra de imóveis para a classe média -que hoje tem poucas opções na hora de parcelar a compra da casa própria.
Já está sendo negociado um empréstimo de US$ 300 milhões no exterior por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A principal dificuldade para obter esse empréstimo é o prazo. Os investidores estrangeiros querem emprestar recursos por um prazo máximo de oito anos, mas a CEF queria prazos entre 10 e 12 anos.
Também está sendo fechado o processo de troca da dívida vencida do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais). Com isso, a CEF receberá títulos do Tesouro Nacional e poderá negociá-los no mercado financeiro.
Ou seja, os títulos poderiam ser vendidos com algum deságio, e a CEF teria mais recursos em caixa para efetuar novos financiamentos habitacionais para a classe média.
Outra medida é a compra da carteira habitacional de bancos com dificuldades financeiras, como já ocorreu no caso do Econômico.

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