São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Se o trabalho está correto, vem aí o bi olímpico

PAMPA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nós sabemos que Atlanta é o alvo da nossa seleção neste ano. Se realmente este resultado ruim alcançado pela equipe na Liga Mundial faz parte de um trabalho do nosso técnico visando a Olimpíada, seguramente seremos bicampeões.
A não ser que este trabalho tenha sido feito erradamente.
Particularmente, acho que o Brasil não pode entrar em uma competição do nível da Liga Mundial só para participar, sem almejar nada.
Porque, querendo ou não, estamos com o nome do Brasil escrito na camisa. Já estive na seleção por oito longos anos, com cinco técnicos diferentes. E a situação de ficar fora das semifinais da Liga Mundial, em 92, eu já vivi.
Em seguida, conquistamos o ouro em Barcelona, na Olimpíada. Mas a situação de hoje é muito diferente daquela.
Naquela época formávamos uma seleção sem conquistas expressivas no cenário mundial. Quando digo isso, me refiro a este grupo de jogadores que estão reunidos pelo técnico José Roberto Guimarães.
Não a outra geração, que tinha conquistado um espaço importante com Xandó, Amauri, William, Renan e Bernard, entre outros.
Afinal, eles foram vice em Los Angeles, em 84, e vice mundial, na Argentina, em 82.
Em 92, na Liga, ganhamos de Cuba após oito anos sem vitórias em jogos oficiais. Ganhamos três dos quatro jogos disputados contra os EUA.
A Itália era favorita ao ouro, após conquistar o Mundial aqui no Rio, em 90, e a Copa do Mundo no Japão, em 91.
A Holanda crescia a cada ano, e os norte-americanos buscavam o tricampeonato olímpico. Era muito diferente.
Hoje, entramos em quadra após conquistarmos uma Olimpíada e uma Liga Mundial (93). Participei, com orgulho, das duas vitórias.
Somos mais respeitados e até, às vezes, temidos por certas seleções. Portanto, não podemos perder este ponto a nosso favor, simplesmente desprezando competições importantes.
Temos grandes atletas, respeitados e admirados no mundo inteiro. Jogadores que seguramente estão na lista dos melhores e que realmente entram em quadra para vencer e lutar.
É importante citar que temos toda a estrutura necessária oferecida pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
Mas Atlanta deve ser outra realidade. Porque entram a emoção, a determinação, a garra e a vontade de vencer a todo custo.
Quem estiver jogando saberá que está fazendo por si e por todo o país, que espera a segunda medalha de ouro.
A Itália será mais uma vez a favorita. Jogaremos contra a Holanda, campeã da Liga, e os EUA, que estão treinando juntos há cerca de um ano e, jogando em casa, podem surpreender.
Mas confio em nossos jogadores. O Brasil tem tradição de jogar bem em Olimpíada. Além disso, não somos inferiores a nenhuma das seleções que desejam o ouro.
Aos meus amigos da seleção, que farão tudo pelo bi, tenho certeza de que provarão o sabor da vitória no degrau mais alto na vida de um atleta, o ouro olímpico.

André Felipe S. Ferreira, o Pampa, 31, é atacante do Report/Suzano e foi campeão olímpico (92) e da Liga Mundial (93) pela seleção brasileira masculina de vôlei

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