São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Quatro séries de gravuras de Francisco Goya vêm a São Paulo

Mostra marca 250 anos de nascimento do pintor espanhol

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em comemoração aos 250 anos de nascimento do pintor e gravurista espanhol Francisco Goya (1746-1828), a 23ª Bienal de Arte de São Paulo montará uma mostra especial do artista com quatro séries de gravuras.
Virão a São Paulo 80 reproduções da série "Os Caprichos", 80 de "Los Desastres de la Guerra" -considerada sua obra principal como gravador-, 33 ou 40 de "La Tauromaquia" e 22 de "Los Disparates".
As gravuras expostas em São Paulo são as primeiras séries realizadas pelo próprio artista e fazem parte do acervo do Fundo de Cartografia Nacional da Espanha, onde também estão guardadas as pranchas originais.
A curadoria da mostra será do representante do governo espanhol Pablo J. Rico.
Segundo Rico, a presença de Goya na Bienal é importante porque ele é o artista que faz a representação mais clara dos princípios da modernidade.
"Goya afirmava seus valores por meio de uma obra contundente, que utiliza como suporte a imagem. Poucas gravuras são tão pictóricas como as dele", afirmou o curador.
As gravuras foram feitas em água-forte e água-tinta -que possibilita sombreados em tons de cinza e preto- e registram a contradição da miséria cotidiana em comparação ao ideal da razão iluminista. Suas obras ilustram pássaros com cabeças humanas, homens com cabeças de burros ou com rostos distorcidos em cenas tragicômicas e escatológicas.
"Ele era um artista da corte, mas que também trabalhava para o público civil, retratando famílias. Ele vendia suas obras", afirmou.
As contradições são constantes nas imagens de Goya. Como pintor do rei, desmascarava a arrogância e a decadência dos nobres.
Como artista liberal, apoiou a guerra por uma nova monarquia constitucional, mas sofreu com as atrocidades do conflito, registrando suas impressões na série "Los Desastres de la Guerra".
Segundo Rico, Goya era um artista de extraordinária concepção plástica e perfeição técnica. "Ele fazia cerca de 300 provas de suas gravuras e retoques de precisão antes de imprimi-las definitivamente", disse.

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