São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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TV é rósea em "Íntimo e Pessoal"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

Não deixa de ser um pequeno mistério que duas tendências bem-marcadas do cinema, neste momento, sejam os filmes de violência extrema, matizada apenas pelo cinismo, e os filmes escancaradamente românticos.
É na segunda categoria que se enquadra "Íntimo e Pessoal", refilmagem adaptada ao universo da TV de "Nasce uma Estrela".
A aproximação limita-se ao enredo. Não há, aqui, as tintas trágicas das versões de Wellman, nos anos 30, e Cukor, nos 50.
Há uma jovem, Sallyane (Pfeiffer), que sobe na carreira como repórter e âncora de telejornais. Mas seu parceiro e incentivador, Warren Justice (Redford), não é nenhum ser autodestrutivo.
É certo que Justice, repórter-estrela, anda meio no ostracismo (trabalha numa estação local da Flórida), justamente por conta de seu apego à verdade.
Mas, enfim, algum conflito tem de haver. Algo há de ser problematizado para o filme se sustentar. E o diretor Jon Avnet (o mesmo de "Tomates Verdes Fritos") conhece seu ofício.
Introduz o espectador à intimidade da TV sem ofender ninguém, mas não deixa que a ingenuidade organize a narrativa. Constrói um grupo de personagens boníssimos, mas não tolos.
No mais, Avnet é indulgente com a instituição que analisa, a TV, mas não deixa de apontar alguns espinhos. E, sobretudo, valoriza seus atores, fazendo um eficiente veículo (para protagonistas e coadjuvantes).
Ou seja: entrega a mercadoria que lhe foi encomendada. Uma boa mercadoria, positiva, dessas que levam a crer que, mesmo em tempos de crise, é possível vencer na vida. Mas é isso: uma mercadoria, nada mais, OK para consumir em dia de preguiça.

Filme: Íntimo e Pessoal
Produção: EUA, 1996
Direção: Jon Avnet
Com: Michelle Pfeiffer, Robert Redford, Joe Mantegna, Stockard Channing, Kate Nelligan
Quando: a partir de hoje nos cines Olido 1, Liberty, Iguatemi 2, Eldorado 5 e circuito

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