São Paulo, sexta-feira, 5 de julho de 1996
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Nem CPI nem reformas

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O Banco Nacional transformou-se em "buraco negro".
Afinal, é:
1 - Portentoso, pelo volume de recursos necessários para tapá-lo.
2 - Um mistério, pelo aumento contínuo de seu tamanho.
A mais recente descoberta é a de que o "buraco", avaliado no momento da intervenção (novembro de 1995) em R$ 4,6 bilhões, passou a ser, conforme a estimativa de ontem, de R$ 7,5 bilhões.
Aumentou, portanto, 63% em seis meses, aproximadamente. Alguém é capaz de jurar que fica nisso?
O notável, nessa história toda, é a sucessão de governos pelos quais passou em branco a simulação de operações de crédito praticadas pelo Nacional para forjar balanços positivos.
Tudo começou em 1987, no governo José Sarney, portanto. Continuou pelos governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, até ser estancado em novembro de 1995 pela intervenção, seguida de venda ao Unibanco.
Aí, de três, uma:
a - O país conheceu uma série de governos absolutamente incompetentes para vigiar uma instituição tão sensitiva como um banco, ainda mais um banco que figurava entre os principais da República.
b - O pessoal que fez a trambicagem é um gênio das finanças, a ponto de conseguir enganar sucessivas administrações do Banco Central, de sucessivos governos.
c - Os donos do Nacional eram tão poderosos que conseguiram afugentar uma fiscalização mais eficiente.
Talvez até caiba uma combinação das três hipóteses mencionadas. Seja como for, a cada nova notícia sobre o episódio Nacional ou sobre outros bancos mais se justifica uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Agora, aliás, já nem cola a desculpa esfarrapada de que a CPI inviabilizaria as reformas constitucionais.
O tempo provou que nem houve CPI nem houve reformas.

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