São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Multas contra PC chegam a R$ 100 mi

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O conjunto de multas aplicadas pela Receita Federal contra PC Farias e as suas empresas soma cerca de R$ 100 milhões.
É um valor mais alto do que todo o patrimônio visível do empresário alagoano. A família Farias vai recorrer contra as multas.
Nas reuniões diárias do clã dos Farias (cinco irmãos e duas irmãs) e dos seus advogados essa é uma das maiores preocupações. Eles apostam, no entanto, em uma queda brusca desse valor.
Somente uma multa -de R$ 1,7 milhão- está em fase de execução na Receita Federal. Corresponde a uma infração aplicada contra a Brasil-Jet, a empresa áerea de PC que conduzia ministros e parlamentares na era Collor (1990-92).
O advogado Nabor Bulhões, que defende a família, diz que a Receita Federal aplicou multas sobre dinheiro de campanha eleitoral.
Com esse argumento, o advogado vai recorrer em todos os casos. Aguarda apenas que as multas -ainda em fase administrativa- tenham andamento burocrático.
Os herdeiros
A chave e o comando dos negócios de PC estão oficialmente com o mais novo dos cinco irmãos homens do clã, o deputado federal Augusto Farias (PPB-AL), 39.
O parlamentar já tinha o papel de procurador de PC desde a fuga do empresário. Augusto movimentava as contas do irmão.
Agora, como tutor dos herdeiros de PC, os filhos Paulo, 14, e Ingrid, 16, ele vai gerenciar os negócios do ex-tesoureiro de Collor até que as crianças atinjam a maioridade.
A tarefa de Augusto foi delegada pelo irmão assassinado, que havia feito essa recomendação desde os dias em que vivia em perigo, durante a fuga espetacular que começou em Alagoas e terminou em Bancoc (Tailândia), em 1993.
Enquanto PC estava preso, era Augusto quem circulava para movimentar dinheiro e resolver negócios do irmão.
Àqueles que perguntam sobre contas secretas de PC no exterior, o deputado costuma dizer: "Se a Polícia Federal ou a Interpol sabem onde estão essas contas eu faço um apelo para que eles me ajudem a encontrá-las".
Embora concentre missões oficiais, como a tutela dos herdeiros, Augusto não é majoritário nos negócios deixados pelo irmão.
O médico Luiz Romero, 41, tem um perfil mais próximo do executivo.
Cuida, além de sua empresa Blumare (revendedora da Fiat), do jornal "Tribuna de Alagoas", sonho de PC, que deve ir às bancas no próximo mês.
O mais discreto e mais rico dos irmãos Farias, o engenheiro agrônomo Carlos Gilberto, 49, tem desempenhado o papel de coordenador dos interesses da família.
Os irmãos costumam sempre consultar as duas irmãs (Ana Elisa, 36, e Eleusa, 32) para tomar suas decisões.

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