São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996 |
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Mulher brasileira testa diafragma 24 horas
AURELIANO BIANCARELLI
O diafragma é um método anticoncepcional de barreira. Em forma de concha de látex ou silicone, ele é introduzido na vagina para fechar o colo do útero e impedir a entrada dos espermatozóides. Normalmente, a mulher espalha espermicida pelo diafragma antes de colocá-lo e o retira cerca de oito horas depois da relação. Esse é o tempo máximo de sobrevida dos espermatozóides. No estudo que já se realiza há 20 meses, não se utiliza espermicida, e o diafragma é retirado apenas uma vez a cada 24 horas, para que seja lavado. Segundo Carlos Alberto Petta, do Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher da Unicamp e coordenador da pesquisa, resultados preliminares indicam boa aceitação e um índice de falha de cerca de 4% durante um ano. Segundo Petta, esse índice de falha no uso contínuo é o mesmo do diafragma utilizado na sua forma tradicional e com espermicida. "As falhas geralmente ocorrem por má colocação do diafragma", afirma. A vantagem, segundo o médico, é que as mulheres não precisam se preocupar em retirar o diafragma, nem utilizar espermicida. Além da Unicamp, sete outros centros estão participando do estudo, entre eles São Paulo, Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Goiânia (GO). Aumento de interesse A pesquisa revela que há um crescente interesse pelo diafragma como método anticoncepcional no Brasil. Enquanto nos países nórdicos o diafragma é utilizado por 30% das mulheres com vida sexual ativa, no Brasil seu uso não chega a atingir 2%. Segundo Petta, a preocupação com o controle da natalidade chegou no país depois do surgimento da pílula, considerada um método de alta eficácia, apesar das contra-indicações. Hoje, 40% das mulheres do Sul e do Sudeste utilizam pílula, enquanto 40% das nordestinas fazem laqueadura (fechamento das trompas). "Essa cultura faz com que muitas mulheres e mesmo profissionais de saúde desconheçam o diafragma", diz Petta. À mesma conclusão chegou uma pesquisa feita entre 1989 e 1991 pelo Instituto de Saúde do Estado, com 2.044 mulheres das regiões norte e oeste de São Paulo. Dessas, 194 utilizavam diafragma. Segundo Suzana Kalckmann, o estudo mostrou que as mulheres e os profissionais de saúde desconheciam o diafragma. "Onde havia informação, e o diafragma estava disponível, 12% das mulheres passaram a usá-lo", diz Suzana. Outra conclusão da pesquisa: também por desconhecimento, os homens tinham grande rejeição ao método. "Toda informação sobre contraceptivos deve levar em consideração também o homem", afirma Suzana. Texto Anterior: PUC cede campus e salva reunião de 77 Próximo Texto: Ministério quer método em posto público Índice |
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