São Paulo, domingo, 7 de julho de 1996
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Cientistas divergem sobre costumes

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim como seus pares internacionais, os cientistas brasileiros foram os primeiros a entrar na rede mundial de computadores e, hoje, já têm até divergências ideológicas sobre os bons costumes de comunicação na Internet.
Para uns, a interação via computador desumaniza as relações e, por isso, defendem que é importante manter as saudações formais no início e fim das mensagens. Outros apreciam a velocidade e concisão desse meio -e, assim, dispensam até os cumprimentos.
"Tem que falar 'oi' e 'tchau', sim, se não vira uma grosseria", diz Setzer, que dedicou um capítulo de seu livro "Introdução à Rede Internet e Seu Uso" (Edgard Blücher, 115 págs, R$ 10,80) às "Regras de Boa Conduta".
Nele, Setzer recomenda, por exemplo, que em listas de discussão (leia glossário) se deve usar "dear" ("caro", em inglês) antes do nome do destinatário.
"Discordo", diz o professor de letras modernas da USP, Leland McCleary, 53, que está terminando uma tese de doutoramento sobre o discurso dos cientistas em uma lista de discussão.
"O nome da pessoa em uma lista é usado apenas para orientar o leitor sobre o assunto que você está discutindo", afirma.
"Usar 'dear' em todo e-mail é o mesmo que sempre falar 'caro' antes do nome da pessoa durante uma conversa telefônica."
Semelhante ao telefone
A referência à conversa telefônica é comum ao se falar de e-mail. "A comunicação eletrônica fica em um nível intermediário entre a formalidade de uma carta e a informalidade de uma conversa telefônica", afirma o diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), José Fernando Peres.
"Como é um meio muito ágil, o e-mail cria uma atmosfera de comunicação mais informal." Mesmo assim, a primeira correspondência deve ser mais formal e, depois, "se houver uma brecha", pode ficar informal, diz Peres.
Mas, como usuários mais antigos e frequentes desse meio, os cientistas têm uma regra consensual: seja breve e não se repita.
"Um dos grandes problemas da rede é sobrecarregar as pessoas de informação", diz o presidente do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o sociólogo da USP, Simon Schwartzman, 56. "O princípio é não abusar dos outros com mensagens longas ou não solicitadas."

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