São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Mortalidade materna cresceu na capital

DA REPORTAGEM LOCAL

A mortalidade materna no município de São Paulo cresceu cerca de 6% entre os biênios de 1980/82 e 1988/90.
Ainda assim, os valores estão subestimados, segundo Ruy Laurenti, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que falou ontem em conferência na SBPC.
O índice internacionalmente usado para "medir" a mortalidade materna é o número de mortes a cada 100 mil nascidos.
Segundo o pesquisador, o índice, que entre 1980 e 1982 era de 45,9 a cada 100 mil nascidos, passou, entre 1988 e 1990, para 48,8.
"Entretanto, levantamentos feitos pelos comitês de mortalidade materna apontam índices mais elevados, que chegam a cerca de 100 mortes a cada 100 mil nascidos", disse o cientista.
Segundo ele, o "sub-registro" das mortes se deve principalmente a falhas no sistema de registros da causa da morte.
Piora do sistema público
O professor da USP afirmou também que os índices continuam crescendo, principalmente devido "à piora do sistema de saúde pública".
Já no interior do Estado, a mortalidade materna caiu entre os dois biênios: entre 80 e 82, o índice era de 54,2, baixando para 46,3 entre 88 e 90.
"A situação hoje é calamitosa. A mortalidade materna, assim como a infantil, são indicadoras da saúde e qualidade de vida."
Laurenti afirmou que, enquanto a mortalidade infantil vem declinando, principalmente devido ao saneamento básico, programas educativos, vacinações e uso de soro caseiro, a mortalidade materna não, pois depende "única e exclusivamente da qualidade, disponibilidade e acessibilidade aos serviços de saúde".
Segundo o pesquisador, estimativas feitas há cerca de dez anos apontavam um índice de mortalidade materna no Brasil de cerca de 150 mortes a cada 100 mil nascidos.
Dados divulgados no começo do ano pela OMS e pela Unicef apontam um índice de 220/100 mil, comparados, por exemplo, aos encontrados em Botsuana, na África (250/100mil).

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